"Estas são eleições onde os direitos das mulheres estão ameaçados e não podemos ignorar isso. Avançámos tanto desde o 25 de Abril e, por isso, não aceitamos voltar atrás e não voltaremos atrás", defendeu a candidata nas legislativas antecipadas de domingo, que sucede ao porta-voz Rui Tavares na lista pela capital.
Num comício no Teatro Thalia, última ação de campanha do Livre em Lisboa, Isabel Mendes Lopes considerou que as ameaças aos direitos das mulheres "não vêm só da extrema-direita", mas também da direita, apontando baterias à Aliança Democrática (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM).
A dirigente criticou as declarações conhecidas do presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, depreciativas das mulheres, e as do vice-presidente do CDS-PP Paulo Núncio, quarto candidato da AD por Lisboa, que defendeu um novo referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez - ideia que foi rapidamente afastada quer por Nuno Melo, quer por Luís Montenegro.
"Ontem [quarta-feira] Luís Montenegro disse que a AD olha para as mulheres, mas nós não queremos que olhem para nós, nós queremos estar lá. É isso que queremos dizer aos senhores da AD, é que o lugar das mulheres, e também das meninas, é também na política", defendeu a deputada municipal na autarquia de Lisboa.
As críticas à direita estenderam-se também à Iniciativa Liberal, partido que acusou de egoísmo: "Uma liberdade que não é partilhada não é liberdade, é egoísmo, e é essa a base da IL".
A engenheira civil saiu ainda em defesa das quotas para as mulheres na política, argumentando que "as quotas são a sociedade a pôr o pé na porta e a dizer que não, esta porta não se pode fechar".
A dirigente defendeu medidas do Livre como a implementação da semana de quatro dias de trabalho, o alargamento das licenças de parentalidade com mais tempo repartido e partilhado entre pais e mães e a erradicação da pobreza como fenómeno estrutural em Portugal.
Antes, o cabeça-de-lista por Setúbal, Paulo Muacho, avisou que a "política do ódio conservadora e controladora custa vidas".
"Para nós pessoas LGBT ela custa vidas quando querem retroceder os nossos direitos. Para as mulheres custa vidas quando querem ameaçar o direito ao aborto e ao planeamento familiar. Para as pessoas migrantes ela custa vidas quando querem acabar com os caminhos seguros e legais de entrada no país", defendeu.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
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