Depois das eleições legislativas de 10 de março, em que Aliança Democrática (PSD, CDS-PP e PPM) e Partido Socialista (PS) conquistaram, respetivamente, 79 e 77 lugares no Parlamento - ao passo que o Chega venceu 48 mandatos - o Bloco de Esquerda (BE) iniciou as tentativas de negociação com a Esquerda para tentar formar Governo.
PS, Partido Comunista Português (PCP), Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e Livre foram convidados pelos bloquistas para a mesa de negociações, numa tentativa de formar uma nova versão da Geringonça, de modo a enfrentar "o risco de um retrocesso e uma ameaça aos direitos sociais", caso a Direita venha a formar Governo, possivelmente com a participação do Chega.
Em resposta, fonte do PS disse à agência Lusa que o partido está "naturalmente disponível" para dialogar com os bloquistas, seus antigos parceiros de governação, que acabaram por fazer cair - junto do PCP - o XXII Governo Constitucional, ao chumbar a proposta socialista de Orçamento de Estado para 2022.
Em simultâneo, o Livre - que viu aumentar o seu grupo parlamentar de um para quatro deputados nas últimas eleições - também já se pronunciou sobre as negociações à Esquerda, onde se pode formar "o bloco mais coeso e mais amplo [para] proporcionar uma solução de Governo".
"Temos o campo da Esquerda, que neste momento tem mais votos e mais mandatos do que o campo da Direita democrática - a AD e a IL - e temos o campo do Chega, com o qual toda a gente disse que não negociaria para Governo. O que é normal é que, a partir do momento em que o Presidente da República recebe os partidos, deve procurar entre esses partidos qual é que é o bloco mais coeso e mais amplo que possa proporcionar uma solução de governo", disse Rui Tavares.
Fica por conhecer-se publicamente a posição do PAN - que ontem foi recebido pelo Presidente da República - relativamente a estas negociações, bem como a do PCP - que hoje apresenta as conclusões da reunião do Comité Central, em Lisboa, pelas 11 horas.
Os resultados provisórios das legislativas de domingo divulgados pelo Ministério da Administração Interna, quando faltam contar apenas os votos dos círculos da Europa e Fora da Europa (quatro mandatos no total), mostram que a Aliança Democrática conquistou 29,49% dos votos e 79 lugares no Parlamento - três dos quais foram eleitos pela coligação Madeira Primeiro, que não contém o PPM.
Logo a seguir está o PS, que obteve 28,66% dos votos, assegurando 77 mandatos.
Em terceiro lugar ficou o Chega, com 18,06% dos votos e 48 mandatos, praticamente quadruplicando o tamanho do grupo parlamentar que tinha formado em 2022.
A quarta força política é a Iniciativa Liberal (IL), com 5,08% e oito mandatos, seguida pelo BE, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU viu o seu grupo parlamentar encolher para quatro deputados, com 3,30%, ao passo que o Livre deixou de ser um partido com um só representante, conquistando quatro mandatos com 3,26% dos votos.
O PAN manteve o lugar conquistado em 2022, com 1,93% dos votos.
Leia Também: Livre acredita que Esquerda é "bloco mais coeso para solução de governo"