O constitucionalista Vital Moreira comentou, esta quarta-feira, um artigo de opinião da autoria do Diretor executivo da CNN Portugal, em que acusa o Ministério Público de "brincar aos polícias e ladrões e fazer tombar um primeiro-ministro ainda não sabemos porquê".
No blogue Causa Nossa, Vital Moreira diz que o que Pedro Santos Guerreiro diz "é verdade", mas "quem aproveitou para anunciar precipitadamente a decisão de dissolver a Assembleia da República (AR), rejeitando a continuação da legislatura, através da nomeação de outro chefe do Governo, como proposto pelo Partido Socialista, foi o Presidente da República, tendo ele todas as razões para antecipar os possíveis resultados das eleições forçadamente antecipadas".
O antigo deputado à AR argumenta que "nada impunha e tudo desaconselhava a dissolução parlamentar, a bem da estabilidade governativa e do direito dos partidos de governo a serem julgados pelo seu desempenho no final do mandato, e não antes do meio dele, como sucedeu".
Por isso, "se há que apontar um 'responsável", defende Vital Moreira, "o alvo correto é o Palácio de Belém, e não outro".
Rui Rio acha "injusto" culpar "apenas" a PGR
Quem também comentou o mesmo artigo de opinião foi o antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio. "Acho um pouco injusto agradecer apenas à PGR. Há mais alguém muito importante a quem também temos de agradecer (com um grande 'obrigadão') os lindos serviços político-judiciais que têm sido prestados ao País em geral e à democracia em particular. Parece-me óbvio, não acham?", escreveu Rio no X (antigo Twitter), em tom de ironia.
Acho um pouco injusto agradecer apenas à PGR.
— Rui Rio (@RuiRioPT) March 13, 2024
Há mais alguém muito importante a quem também temos de agradecer (com um grande “obrigadão”) os lindos serviços político-judiciais que têm sido prestados ao País em geral e à democracia em particular.
Parece-me óbvio, não acham? https://t.co/Xzdrb8oQ3D
Recorde-se que o primeiro-ministro demissionário António Costa abdicou do cargo na sequência do seu envolvimento na Operação Influencer, que levou à realização de buscas em 42 locais, entre eles o seu gabinete.
Os resultados provisórios das eleições legislativas de domingo divulgados pelo Ministério da Administração Interna, quando faltam contar apenas os votos dos círculos da Europa e Fora da Europa (quatro mandatos no total), mostram que a Aliança Democrática conquistou 29,49% dos votos e 79 lugares no Parlamento - três dos quais foram eleitos pela coligação Madeira Primeiro, que não contém o PPM.
Logo a seguir está o PS, que obteve 28,66% dos votos, assegurando 77 mandatos.
Em terceiro lugar ficou o Chega, com 18,06% dos votos e 48 mandatos, praticamente quadruplicando o tamanho do grupo parlamentar que tinha formado em 2022. A quarta força política é a Iniciativa Liberal (IL), com 5,08% e oito mandatos, seguida pelo BE, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU viu o seu grupo parlamentar encolher para quatro deputados, com 3,30%, ao passo que o Livre deixou de ser um partido com um só representante, conquistando quatro mandatos com 3,26% dos votos.
O PAN manteve o lugar conquistado em 2022, com 1,93% dos votos.
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