O ato eleitoral acontece na sequência da crise política provocada pela demissão, em janeiro, do presidente do Governo Regional (PSD/CDS), Miguel Albuquerque, após ser constituído arguido numa investigação judicial sobre suspeitas de corrupção no arquipélago.
O processo, desencadeado no mesmo mês, ficou já marcado também pela detenção e pela renúncia do presidente da Câmara do Funchal, o social-democrata Pedro Calado, mas o juiz de instrução acabou por libertá-lo após 21 dias, considerando não haver "quaisquer indícios" de corrupção. O mesmo aconteceu com dois empresários do ramo da construção civil detidos.
De um universo superior a 12.000 militantes no PSD/Madeira, mais de 4.000 militantes estão em condições de poder escolher hoje o novo líder nas sedes concelhias e de freguesia espalhadas pela região, entre as 17:30 e as 20:30.
Nas internas de 2014, na escolha do sucessor do histórico líder Alberto João Jardim, Miguel Albuquerque derrotou Manuel António Correia, então secretário regional, numa segunda volta, obtendo cerca de 63% dos votos.
Miguel Albuquerque, nascido em 04 de maio de 1961 (62 anos) e natural do Funchal, é advogado e tem no seu currículo político a presidência da Câmara do Funchal (1994-2013) e do Governo Regional da Madeira, desde 2015.
Pediu a demissão em 26 de janeiro, depois de a deputada única do PAN ter recusado cumprir o acordo de incidência parlamentar que garantia a maioria absoluta da coligação PSD/CDS na Assembleia Legislativa da Madeira.
O PSD chegou a pretender a substituição de chefe do executivo, mas a solução foi criticada pela maioria dos partidos com assento parlamentar e acabou por ser rejeitada pelo representante da República no arquipélago, Ireneu Barreto, que remeteu a decisão para o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Contudo, apenas passados seis meses das anteriores eleições -- neste caso, 24 de março, domingo - é possível dissolver o parlamento regional. Caso Marcelo Rebelo de Sousa não opte pela dissolução, com a marcação de novas eleições, Ireneu Barreto irá nomear um novo executivo regional, solução admitida pelo PAN para manter o entendimento parlamentar, desde que haja um novo líder.
Depois da decisão do juiz de instrução na investigação de alegada corrupção, em 19 de fevereiro, Albuquerque anunciou a marcação de eleições internas e de um congresso regional em 19 e 20 de abril, após ter notado "algumas movimentações" no partido.
Nessa altura também declarou: "Tenho todas as condições políticas [para voltar a ser candidato], porque nunca fui comprado. Tenho 30 anos de vida pública, nunca fui corrompido por ninguém. Tenho a minha consciência tranquila."
Manuel António Correia, também advogado, foi secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais em executivos de Alberto João Jardim (2000-2015).
Nascido em 19 de fevereiro de 1965 (59 anos), o candidato também foi presidente do Instituto de Habitação da Madeira (1997-2000).
Após 10 anos de afastamento da vida política, Manuel António Correia diz agora que correspondeu às "solicitações transversais" - por pessoas de diferentes zonas, perfis, idades e grupos -- para "apontar um caminho" para a estrutura partidária. Defende "a renovação da classe política, dos principais dirigentes".
Apresenta-se nesta corrida por reconhecer que a Madeira vive "um momento muito difícil" e "está num pântano político há algum tempo", e considera que "a lista titulada por Miguel Albuquerque e pelo seu núcleo duro político, neste momento, perante este problema, não é a solução".
O candidato conta com o apoio público de Alberto João Jardim, líder do PSD/Madeira e do Governo Regional entre 1978 e 2015.
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