"Não fechamos a porta, como os outros fazem, a A, B ou C. É evidente que temos algumas linhas vermelhas, mas não fechamos nem à direita, nem à esquerda [...]. Quem apresentar o melhor projeto para os madeirenses e para a Madeira - será esse que terá o apoio do Partido da Terra", afirmou Pedro Soares Pimenta, numa ação de campanha no Funchal, na ilha da Madeira.
O dirigente fez "uma viagem relâmpago" à Madeira para apoiar o cabeça de lista do partido às eleições regionais de 26 de maio, Válter Rodrigues, tendo também sido acompanhado pelo candidato n.º 1 do MPT às europeias de 09 de junho, Manuel Oliveira Carreira.
Em declarações à agência Lusa, o líder nacional do MPT realçou como bandeira a "defesa da população e do planeta", referindo que o seu partido "sempre defendeu que não deve haver dicotomia entre a direita e a esquerda".
"Temos a convicção e acreditamos que vamos eleger pelo menos um deputado", disse Pedro Soares Pimenta, sublinhando que seria um regresso ao parlamento regional.
Questionado sobre a possível mudança na governação do arquipélago, liderada há 48 anos pelo PSD, o presidente do MPT considerou que "não vai existir" alteração: "Penso que o PSD vai voltar a vencer as eleições. Poderá não ser pela margem que está habituado a vencer, mas vai vencer as eleições."
Apesar dessa antevisão, o representante sublinhou que tem uma boa relação com o PSD e com o PS, e ressalvou que o candidato socialista Paulo Cafôfo teve "uma declaração infeliz" quando disse que "votar nos partidos pequenos é a mesma coisa que votar no PSD".
"Se calhar os pequenos é que são a pedra no charco que podem mostrar ou apresentar projetos que os partidos do sistema não costumam fazer, porque, enfim, é mais do mesmo", declarou.
Pedro Soares Pimenta adiantou que apoiará quem ganhar as eleições "consoante o projeto que apresentar de desenvolvimento da Madeira e da qualidade de vida dos madeirenses".
"Se um partido chegar ao pé de nós e nos apresentar um projeto que não se coaduna com a nossa matriz, é evidente que nós não vamos aceitar. [...] Nós estamos disponíveis para negociar e para conversar com quem ficar à frente, isso estamos completamente disponíveis, seja lá quem for", reforçou, destacando a necessidade de haver consenso para "que haja, finalmente, uma paz legislativa na Madeira".
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Sobre a recandidatura de Albuquerque à presidência do executivo, o MPT entende haver "muita coisa que deveria ser esclarecida e que não foi esclarecida", questionando as condições do cabeça de lista do PSD para governar quando enfrenta um processo na justiça, ainda que se mantenha a presunção de inocência.
"Se fosse o Pedro Soares Pimenta, eu sei o que é que faria, eu não me candidataria. Eu limpava primeiro tudo aquilo que havia a limpar, provava cabalmente a minha inocência, depois aí podia avançar para outras ações. Agora, até lá, eu não o faria", revelou.
Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta, com 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto CDU, IL, PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e BE obtiveram um mandato cada. O MPT teve 0,53%.
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