O antigo líder do Partido Social Democrata Luís Marques Mendes comentou, este domingo, o tema que 'fechou' a semana: a ida do ex-primeiro-ministro, António Costa, ao Ministério Público para ser ouvido no âmbito da Operação Influencer.
Recorde-se que, considerando-se "chocado" com a descoberta de cerca de 75 mil euros no escritório de Vítor Escária, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Costa saiu do MP sem ser constituído arguido.
No seu espaço de comentário na SIC, Marques Mendes foi questionado sobre se o 'sonho' europeu para Costa ganhava uma nova força. "Claro que ganha uma enorme força", considerou, lembrando o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, que dava conta de que um "plano criminoso" que envolvesse Costa era "mera especulação". "Acho que António Costa estava [aí] ilibado. Formalmente, ainda precisava de ser ouvido, mas na prática estava ilibado", apontou.
O social-democrata referiu ainda que a decisão da Relação foi "decisiva", em abril, mas que perante os novos desenvolvimentos, e a não constituição de Costa como arguido, havia um novo significado. "Significa o quê? O processo vai ser arquivado. Agora é uma questão de dias ou semanas, mas vai ser arquivado", defendeu.
Quanto à Europa, que muitos têm vindo a apontar como ambição de Costa, Marques Mendes disse que face aos resultados desta audição, o ex-primeiro-ministro ficava com "muito melhores condições para poder ser candidato a presidente do Conselho Europeu".
Se for para socialistas, qual é o socialista na Europa mais bem posicionado? Tudo aponta para que seja António Costa. E tudo aponta para que depois tenha acordo dentro do Conselho Europeu
Mas Marques Mendes apontou também que este passo e a candidatura de Costa "não era líquida", explicando que após as eleições Europeias era preciso que as famílias políticas negociassem os cargos. "A Comissão Europeia vai continuar a ser presidida por alguém do PPE [Partido Popular Europeu], provavelmente Ursula Von der Leyen. E depois falta saber quem é que vai ter Conselho Europeu. Se vai para os liberais ou socialistas", afirmou, considerando que esta era a "questão essencial".
Colocando as 'fichas' nos socialistas, na medida em que o Conselho Europeu vai "provavelmente" para aí, Marques Mendes atirou: "Se for para socialistas, qual é o socialista na Europa mais bem posicionado? Tudo aponta para que seja António Costa. E tudo aponta para que depois tenha acordo dentro do Conselho Europeu", disse, referindo que Costa tem "um grande prestígio lá fora".
Em jeito de resumo, Marques Mendes reforçou: "O primeiro ponto é que é muito provável que o processo seja arquivado. Segundo ponto, que António Costa possa ser candidato a seguir e, portanto, possa vir a ser daqui a uns meses presidente do Conselho da Europa. Se isso acontecer, acho que isso é bom para a Europa. Tem perfil para aquele lugar", considerou, explicando que o cargo em questão não era executivo, mas sim de "fazer diálogo e fazer pontes e entendimentos".
"Será bom para a Europa, se isso acontecer e acho que é prestigiante para Portugal", afirmou. Marques Mendes foi ainda questionado sobre se o Governo deveria apoiar Costa e deixou uma "recomendação" ao chefe do Executivo: "Acho que quando houver o 1.º sinal de uma potencial candidatura de António Costa, Luís Montenegro devia ser dos primeiros a apoiar António Costa para esse cargo. Se for dos últimos, não tem grande significado, se for dos primeiros tem grande significado. A seguir às eleições Europeias, ficava-lhe bem dar esse sinal".
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