Rui Rio, antigo presidente do PSD, criticou, esta quinta-feira, as buscas levadas a cabo no Ministério da Saúde e no hospital de Santa Maria, no âmbito da investigação ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas em Portugal, em pleno período de campanha eleitoral para as eleições Europeias, considerando que o Ministério Público (MP) deve "uma explicação".
"Justifica-se que o Ministério Público dê uma explicação. Que não vai dar, nunca explica nada, faz o que lhe apetece", criticou Rio, em declarações à SIC Notícias.
“O que é que leva o Ministério Público e a Polícia Judiciária a fazerem isto nesta altura, a dois dias de eleições? Porque é que não fazem na terça ou na quarta-feira da semana seguinte ou, principalmente, porque não fizeram já há um mês ou dois ou três atrás? Porque isto já se conhece há muito tempo. Então parece que estiveram à espera de propósito", acrescentou.
Desta forma, Rui Rio, que é um dos subscritores do manifesto em defesa de uma reforma da Justiça, insistiu que é necessária um explicação e entende que tem de haver escrutínio mais à frente.
"Se fazem isto em cima de eleições, a dois dias de eleições, obviamente que o povo merece um explicação", reiterou. "Acho que se houvesse um escrutínio independente e democrático da Justiça, em particular aqui do Ministério Público, que é disso que estamos a falar agora, isto deixava de acontecer", apontou.
"Se houvesse um escrutínio - feito por pessoas independentes - àquilo que é a atuação do Ministério Público, quem fez isto sabia, daqui por três anos, quatro, cinco anos, depois de tudo isto fechado, que poderia haver uma avaliação da forma como tudo isto foi feito e, se foi mal feito, ter as suas consequências em termos de carreira, em termos disciplinares, o que tivesse de ser", rematou.
Recorde-se que o ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales foi constituído arguido na segunda-feira no âmbito da investigação ao caso das gémeas. No mesmo dia, a sua casa foi alvo de buscas judiciárias.
No âmbito do mesmo processo, a PJ esteve hoje a fazer buscas em duas unidades do Serviço Nacional de Saúde (uma delas o Hospital Santa Maria) e em instalações da Segurança Social.
De acordo com o Ministério Publico, estão em causa factos suscetíveis de configurar "crime de prevaricação, em concurso aparente com o de abuso de poderes, crime de abuso de poder na previsão do Código Penal e burla qualificada".
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