A noite no quartel-general do PS foi de festa para os socialistas já que, três meses depois de terem perdido para a AD as legislativas antecipadas, conseguiram uma vitória sobre esta coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM.
Ainda com os resultados provisórios -- faltam apurar os 13 consulados -, mas já com os 21 mandatos distribuídos, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, conseguiu a sua primeira vitória em eleições desde que está à frente dos destinos do PS.
Com 32,09% e 1.266.337 dos votos, a lista do PS encabeçada pela ex-ministra da Saúde Marta Temido conseguiu oito lugares para o Parlamento Europeu, o que representa uma perda de um mandato em relação às eleições de 2019.
A diferença em relação à AD, que ficou em segundo lugar, é de menos de um ponto percentual e perto de 40 mil votos.
Pedro Nuno Santos disse, desde o início sobre estas eleições, que o objetivo era vencer as europeias, mas nunca arriscou fixar um objetivo concreto.
Marta Temido também fugiu sempre de quantificações, mas já no último dia da campanha assumiu que eleger menos do que os atuais nove eurodeputados não seria uma derrota pessoal, mas sim para o país.
Eleito há seis meses para suceder a António Costa - após a demissão do primeiro-ministro e líder do PS na sequência da Operação Influencer - Pedro Nuno Santos enfrentou as quartas eleições no seu curto mandato.
Até aqui, o secretário-geral do PS tinha perdido os três atos eleitorais anteriores: primeiro as regionais dos Açores, depois as legislativas e, na véspera da campanha oficial para o Parlamento Europeu, as regionais da Madeira.
Para Pedro Nuno Santos estava muito em jogo nestas eleições, até pela escolha arriscada de ter apresentado uma lista totalmente nova ao Parlamento Europeu e não manter nenhum dos atuais eurodeputados socialistas.
O líder do PS esteve presente quase todos os dias na campanha de Marta Temido, tendo ficado para Pedro Nuno Santos as despesas da política nacional já que a cabeça de lista apostou no contacto com as pessoas e quis fazer a campanha centrada nos temas europeus, evitando responder aos ataques dos adversários.
Olhando para a história deste ato eleitoral, esta foi a sexta vitória do PS em nove idas às urnas para o Parlamento Europeu, mantendo-se o domínio socialista nestas eleições.
Comparando, em termos percentuais, com as restantes vitórias do PS, esta foi a segunda mais curta da história destes atos eleitorais, atrás do resultado de 2014, então com Francisco Assis - novamente eleito este domingo -, que tinha conseguido 31,49%.
Ainda assim, e apesar de ter perdido um mandato comparando com a atual delegação de nove eurodeputados, o PS alcançou em termos absolutos pelo menos mais cerca de 160 mil votos.
No discurso de vitória, Pedro Nuno Santos considerou que o PS é "hoje a primeira força política" e deixou vários avisos ao Governo, apesar de garantir que os socialistas não serão um fator de instabilidade política.
O líder do PS sublinhou ainda que esta vitória da candidatura liderada por Marta Temido foi a primeira de uma mulher numa campanha a nível nacional, fazendo questão de lhe agradecer pela campanha que encabeçou.
A candidata destacou que estes resultados mostram que os portugueses "confiam no PS", congratulou-se com a votação em projetos políticos e partidos europeístas e assinalou a queda da extrema-direita em Portugal, numa referência ao resultado do Chega.
Leia Também: Em democracia, "ganha-se e perde-se por um voto", diz Bugalho