No rescaldo da noite eleitoral para o Parlamento Europeu, no domingo, o líder do Partido Social Democrata (PSD) e primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou o apoio da Aliança Democrática (AD) e do Governo ao seu antecessor, António Costa, para o cargo de presidente do Conselho Europeu se este decidir ser candidato.
"É possível que a presidência do Conselho Europeu seja destinada a um candidato socialista. Se o dr. António Costa for candidato a esse lugar, a AD e o Governo de Portugal não só apoiarão como farão tudo para que essa candidatura possa ter sucesso", afirmou.
Questionado se tal apoio depende da resolução do processo judicial em que o ex-primeiro-ministro viu o seu nome envolvido, Montenegro respondeu: "Se o dr. António Costa for candidato - e quem vai decidir se é candidato é ele e a sua família política - a nossa decisão está tomada".
Por sua vez, o antigo primeiro-ministro António Costa reagiu ao apoio manifestado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e admitiu, mais tarde, que seria "importante ter um português nas instituições internacionais", mas ressalvou que nunca aceitaria ser presidente do Conselho Europeu sem o apoio do Governo português.
"Nunca aceitaria ser presidente do Conselho Europeu sem o apoio do Governo meu país. Poderia ser, mas nunca aceitaria", afirmou o ex-governante, em declarações à CMTV, onde comentou os resultados das eleições de domingo para o Parlamento Europeu.
António Costa confirmou também que já tinha falado com Luís Montenegro sobre uma eventual candidatura e que, por isso, já conhecia a sua posição de apoio. "Ainda não era primeiro-ministro e tinha-me transmitido que daria esse apoio. Eu, aliás, pus-lhe a questão", indicou o ex-governante, ressalvando que caberá aos socialistas europeus decidir quem será o candidato.
O secretário-geral do Partido Socialista (PS) também não deixou passar as palavras de Montenegro, destacando que há uma "larga maioria em Portugal", incluindo o Governo, a apoiar António Costa para presidente do Conselho Europeu, prometendo todo o empenho para que isso seja uma realidade.
"Esperamos ter dado o nosso humilde contributo para que o presidente do Conselho Europeu seja dos socialistas portugueses. Ficamos muito felizes por saber que tem o apoio do Governo português e, portanto, há uma larga maioria em Portugal que apoia António Costa para presidente do Conselho Europeu", afirmou o líder do PS.
Com posição uma posição oposta encontra-se o presidente do Chega, André Ventura, que reiterou que não apoiará o ex-primeiro-ministro António Costa para presidente do Conselho Europeu, se decidir ser candidato, e considerou que Luís Montenegro é quem "mais tem sido muleta do PS".
"Ouvimos hoje o senhor primeiro-ministro dizer em nome dos eurodeputados que apoiará a candidatura de António Costa ao Conselho Europeu. Aqui se vê quem continua a não esquecer o socialismo, a dar a mão ao socialismo, e a permitir que noites como a de domingo sejam de vitória do PS", afirmou André Ventura, ouvindo-se apupos na sala.
Também o cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) ao Parlamento Europeu, eleito no domingo, voltou a frisar que não apoiará o ex-primeiro-ministro António Costa para presidente do Conselho Europeu por não lhe reconhecer "o perfil ideal".
"Preferia que não fosse o candidato apoiado pelo Governo português pelos motivos que expliquei várias vezes durante a campanha", afirmou João Cotrim de Figueiredo, depois de ter discursado num palco montado nas antigas oficinas do Metropolitano de Lisboa, no Lumiar, em Lisboa, que foi o quartel-general dos liberais para a noite eleitoral.
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