O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, falou, este domingo, sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que decorreu na sexta-feira, e durante a qual foi ouvida Daniela Martins, mãe das gémeas luso-brasileiras que receberam um medicamento para a Atrofia Muscular Espinhal no Hospital de Santa Maria - num caso polémica que envolve o nome do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa.
Na Ponte D. Luís, no Porto, onde decorrem festejos para o início de São João, o socialista falava da proximidade entre a Aliança Democrática e o Chega, e considerando que as acusações de Luís Montenegro sobre uma "aliança" entre o partido liderado por André Ventura e o PS feitas esta manhã "têm graça".
Questionado sobre se faria um brinde nesta noite de São João com Montenegro ou Ventura, Pedro Nuno assegurou: "Com André Ventura não fazia de certeza. O Chega representa tudo aquilo que combatemos na sociedade portuguesa".
O líder socialista não ficou pela garantia, e explicou porquê, recordando a Comissão de Inquérito Parlamentar no Caso das Gémeas, que durou cerca de 5 horas e onde, num momento de tensão, André Ventura quis mostrar imagens bem conhecidas do público, e onde as crianças, menores, apareciam. "O Chega e André Ventura prometeram limpar o país, moralizar a vida política em Portugal", recordou.
"Aquilo a que assistimos na sexta-feira passada foi a degradação máxima do Parlamento e dos deputados também no papel que fazem. Isso sim, envergonhou-me profundamente como deputado ter assistido à forma como Chega e André Ventura trataram uma mulher que fez aquilo que qualquer mãe em Portugal faria para defender os seus filhos", acrescentou.
O socialista sublinhou que neste caso era preciso ter a capacidade para fazer a avaliação daquilo que correu mal do ponto de vista da intervenção política e daquilo que é a ação "de uma mãe que faz aquilo que está ao seu alcance para defender as duas filhas".
"Aquilo que o líder do Chega revelou foi total ausência de empatia", criticou. O socialista recordou ainda os resultados das legislativas, onde o Chega teve mais de um milhão de votos, e afirmou que tinha quase a certeza de que a maioria dos eleitores do partido "estariam envergonhados pela forma como o político em que votaram tratou uma mãe em direto".
Já quanto a um eventual brinde com Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos afirmou que teria "todo o gosto", depois de dizer: "Não tenho problema nenhum em fazer brinde democrático com líderes políticos que respeitam a democracia".
E as escutas?
Mas não só de brindes se falou na ponte portuense, e também outros dos temas em cima cima da mesa veio à tona: as escutas que envolvem o antigo primeiro-ministro António Costa e o antigo ministro das Infraestruturas João Galamba. Questionado sobre se o chefe de Governo, Luís Montenegro, deveria falar sobre o tema em questão, Pedro Nuno Santos referiu qualquer matéria que tivesse a ver com o funcionamento do Estado de Direito democrático "não podem ser ignoradas por nenhum político, incluindo, desde logo o primeiro-ministro".
"É um tema de máxima importância para o funcionamento da nossa democracia e sobre esse tema é importante, obviamente, o que o primeiro-ministro pensa. Não podemos ignorar ou assobiar para o lado quando estamos a assistir à violação da lei e ideia que temos de Estado de Direito democrático", apontou, reforçando, tal como já tinha feito anteriormente na sua intervenção, que o que se assiste é uma aproximação do Governo e do Chega. "Aliás, propostas do Governo em matéria de justiça só foram elogiadas por um partido: pelo Chega", atirou.
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