Na votação secreta realizada esta manhã na primeira sessão plenária da nova assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, Bloco de Esquerda (BE) e PCP apoiaram a candidata da Esquerda Europeia, Irene Montero, que arrecadou 9,8% dos votos.
Em declarações aos jornalistas portugueses em Estrasburgo, Catarina Martins, do BE recordou o amplo apoio a Roberta Metsola "dos verdes, sociais-democratas até à extrema-direita", manifestando preocupação pelo "significado político" que a votação traduziu.
"Pela nossa parte, estamos muito contentes pelo grupo da Esquerda ter tido uma candidatura própria", indicou ainda a bloquista, destacando a intervenção que Irene Montero fez, ao incluir os direitos das mulheres e a "questão da paz" num momento em que a UE continua a "apoiar Israel face ao genocídio" em Gaza.
João Oliveira, PCP, saudou a candidatura alternativa da Esquerda Europeia ao "rumo neoliberal e federalista e militarista que a União Europeia tem vindo a acentuar" e ao "consenso neoliberal que "garantiu a eleição" da maltesa.
Sentido de voto diferente teve o PS, com a eurodeputada Marta Temido a justificar o apoio a Roberta Metsola com "os compromissos" do centro-direita, socialistas e liberais relativamente à negociação dos cargos de topo da União Europeia (embora esta eleição não tivesse feito oficialmente parte), demonstrando que a bancada socialista é "confiável".
Além disso, "há um conjunto de aspetos relacionados com trabalho político que tem estado a ser feito no sentido da aproximação de objetivos e prioridades", acrescentou, aludindo ao tema da habitação, uma das bandeiras socialistas.
O eurodeputado da Iniciativa Liberal João Cotrim de Figueiredo disse ter visto a reeleição "com agrado" pelo consenso alcançado, fazendo "uma apreciação muito positiva do mandato anterior".
Pelo Chega, António Tânger Corrêa revelou que, na segunda-feira, os Patriotas pela Europa decidiram apoiar Roberta Metsola em vez de apresentar um candidato próprio, isto "mediante algumas contrapartidas", como o fim do 'cordão sanitário' à extrema-direita.
"Houve uma conversa entre o nosso presidente do grupo, o Jordan Bardella, e Metsola, e foi uma conversa muito positiva", referiu, esperando agora "honestidade da parte de todos" no compromisso que a sua bancada já cumpriu.
O social-democrata Sebastião Bugalho destacou o "resultado histórico".
"Nunca nenhum candidato a presidente do Parlamento Europeu ou candidata teve uma percentagem tão elevada, portanto, mostra bem o quão consensual Roberta Metsola conseguiu ser no seu primeiro mandato e o modo como as famílias políticas europeístas, democráticas e defensoras da União Europeia acabam por estar juntas quando é necessário", elencou.
Já a parlamentar do CDS, Ana Pedro, adiantou que "a votação da presidente Roberta Metsola não teve surpresa, era esperada" dado o seu "compromisso com a moderação e com o diálogo".
Aos 45 anos, Roberta Metsola foi hoje reconduzida no cargo até janeiro de 2027 com uma maioria de 562 votos (entre 623 válidos), no primeiro dia da sessão plenária inaugural do novo Parlamento Europeu, após as eleições europeias de junho passado.
Dado o sufrágio e as recentes alterações partidárias no Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu é o que dispõe de mais lugares (188), seguido pelos Socialistas (136), pelo novo partido de extrema-direita Patriotas pela Europa (84), Conservadores e Reformistas (78) e Liberais (77), Verdes (53) e pela Esquerda (46), de acordo com a mais recente distribuição.
Leia Também: Comité das Regiões felicita Metsola e disponibiliza cooperação com PE