O comentador político Luís Marques Mendes considerou, este domingo, que a constituição como arguido do ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa e antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, é algo digno de "gargalhada".
No seu espaço habitual de comentário na SIC Notícias, Marques Mendes defendeu que, no que toca ao processo Tutti Frutti, no qual Medina foi constituído arguido, "com sete anos de investigação, já devia haver pessoas julgadas, condenadas ou absolvidas".
"Não tenho ilusões. Apesar de a investigação estar atrasada, acho que houve aqui muitas cunhas, favores, negociata, ilegalidade. A investigação deve avançar, custe o que custar, doa o que doer", vaticinou.
Apesar desta visão, o antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) considerou que a constituição como arguido de Fernando Medina "é um bocadinho de gargalhada" e "ninguém leva a sério".
"Se um presidente da Câmara é constituído arguido por dar um subsídio a uma instituição desportiva, muitos presidentes de Câmara pelo país inteiro têm de ser constituídos arguidos. Haja bom senso", pediu Marques Mendes.
O comentador político admitiu acreditar que "há muita negociata neste processo" e o seu "desejo" é que "ninguém fique impune".
"Mas é preciso ter cuidado e separar o trigo do joio", retorquiu.
O antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa informou que seria constituído arguido neste caso, segundo a comunicação do Ministério Público à Assembleia da República, por suspeita da "prática de um alegado crime de prevaricação".
"Em causa está a atribuição alegadamente indevida, por mim, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, em 23 de março de 2017, de um apoio financeiro no valor de duzentos mil euros - a realizar em dois anos - à XV - Associação Amigos do Rugby de Belém, no âmbito do apoio ao associativismo desportivo", explicou Fernando Medina.
O atual deputado do Partido Socialista (PS) disse ter visto, "com perplexidade, que a fundamentação do Ministério Público assenta num erro grosseiro e inexplicável", recusando qualquer ilegalidade, e salientou que, apesar de já terem decorrido mais de sete anos desde o início do inquérito e de se ter manifestado disponível para prestar declarações, "o Ministério Público em nenhum momento considerou relevante" ouvi-lo para "qualquer propósito, designadamente de busca da verdade".
"Fá-lo agora, desta forma", lamentou.
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