"Mão na consciência"? "Não aceito lições do PSD" sobre SNS

Mariana Vieira da Silva fala numa "degradação das condições de resposta por o Governo do PSD ter começado por desmontar as soluções que estavam no terreno", nomeadamente com a mudança da Direção Executiva.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Carmen Guilherme com Lusa
06/08/2024 17:12 ‧ 06/08/2024 por Carmen Guilherme com Lusa

Política

Mariana Vieira da Silva

A deputada socialista Mariana Vieira da Silva afirmou, esta terça-feira, que o Partido Socialista (PS) não aceita "lições" do Partido Social Democrata (PSD) no que diz respeito aos atuais problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em resposta ao líder da bancada parlamentar social-democrata, Hugo Soares, que desafiou o PS a "pôr a mão na consciência".

 

"Peço desculpa, mas eu não aceito lições do PSD nesta matéria. O que nós estamos a viver é uma agravar da situação face ao ano passado e esse agravar de situação decorre de se terem desmontado as estruturas e a organização que o professor Fernando Araújo e  a Direção Executiva estavam a fazer das urgências", disse em declarações aos jornalistas, no Hospital Santa Maria, em Lisboa, depois de uma comitiva de deputados socialistas se ter reunido esta tarde com a administração daquela instituição.

"Em Democracia estamos uma vezes no governo, outras na oposição, e, nestes dois sítios, temos responsabilidades para trabalhar nas melhorias das condições", acrescentou.

A antiga ministra da Presidência frisou ainda que "nunca em momento algum" fugirá às "responsabilidades que o Governo do Partido Socialista tem", mas atirou: " Era o que faltava não podermos acompanhar a forma como os problemas são resolvidos no terreno e não podermos criticar quando, neste momento, é para mim muito visível uma degradação das condições de resposta por o Governo do PSD ter começado por desmontar as soluções que estavam no terreno antes de ter soluções alternativas para apresentar". 

Mariana Vieira da Silva salientou que "há na perspetiva do PSD uma dimensão de investimento na relação com o setor privado e não de reforço no investimento do setor público e o PS não acompanha", contudo, os socialistas estão disponíveis para falar sobre questões de carreiras dos profissionais de saúde.

"Agora, não podemos esconder que aquilo a que assistimos a partir de março foi um desmontar do que estava feito, o afastamento de pessoas, a criação de instabilidade que começa na direção executiva e acaba no INEM", sublinhou.

Na opinião da socialista, o Governo criou a expectativa de resolução de um problema complexo em 60 dias, cabendo-lhe agora responder pelas expectativas que criou "e não cumpriu" deixando os serviços "pior do que estiveram no verão passado".

"Sabemos que o problema não é novo, mas o problema tem instrumentos para ser enfrentado, como seja a dedicação plena, os centros de responsabilidade integrada, mecanismos que permitam pagar mais aos profissionais para assim os poder fixar nos territórios", defendeu.

Antes, a socialista havia referido que "ao longo dos últimos meses" o que se tem visto "é o Governo trazer instabilidade para o SNS, em vez de cuidar, de ultrapassar as dificuldades". 

"Quando, no início deste mandato, o Governo procurou questionar as funções da Direção Executiva, mudar de Direção Executiva e a sua forma de trabalhar, criou uma pressão adicional sobre o verão, que é agora hoje visível com muito pouca transparência no funcionamento das urgências e muita instabilidade na resposta aos cidadãos", reiterou.

De salientar que vários serviços de urgência ginecológica/obstétrica têm estado encerrados devido à falta de recursos humanos. As autoridades de saúde apelam à população para que antes de se deslocarem a um serviço de urgência, para ligarem sempre para o SNS 24 (808 24 24 24).

Apesar de o portal do SNS indicar que a urgência de obstetrícia do Santa Maria está encerrada, o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde Santa Maria (ULSSM), Carlos Martins, esclareceu que essa informação não está correta e rejeitou qualquer situação de caos no hospital.

O responsável sublinhou que a urgência de obstetrícia, por enquanto, está aberta apenas para grávidas até às 22 semanas. Contudo, "por uma questão de segurança da mulher grávida e da sua família, se uma situação, mesmo dentro das 22 semanas, for detetada e for necessário uma intervenção em bloco cirúrgico" é aberta uma sala "de bloco cirúrgico no bloco central".

O novo Bloco de Partos - Maternidade Luís Mendes da Graça, cujas obras foram iniciadas no último trimestre de 2023, estará pronto a 01 de setembro.

Carlos Martins defendeu uma articulação e complementaridade de resposta entre o setor público e privado e alertou para a necessidade de valorizar recursos humanos.

"Podemos ter as melhores instalações, podemos ter a melhor tecnologia e podemos ter o maior número de portas abertas, agora, o essencial e determinante chama-se capital humano. Tem que haver capital humano, eu diria, em quantidade, para haver qualidade", avisou.  

[Notícia atualizada às 18h29]

Leia Também: Blocos de parto encerrados? Governo optou por "assistir impavidamente"

 

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