A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, comentou, esta quinta-feira, a escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia, algo que foi anunciado ontem.
"Parece-me uma escolha que não nos diz muito de novo de Maria Luís Albuqueruque. Conhecemos Maria Luís Albuquerque. Foi ministra do governo de passos Coelho, foi a ministra que impôs austeridade, cortou pensões e salários", começou por dizer, quando questionada pelos jornalistas sobre a escolha do Executivo, no Porto.
A líder bloquista continuou a caracterizar a atividade de Albuquerque como responsável pela pasta do Estado e das Finanças entre 2013 e 2015: "Foi a ministra que geriu as falências de bancos importantes, noomeadamente, o Banif. E que a seguir a esse papel no governo, foi recompensada num fundo financeiro abutre que geria créditos mal parados, que geria as casas das pessoas que perderam as casas para o banco e comprava essas casas por tuta-e-meia".
Mariana Mortágua apontou ainda que como se tudo aquilo que enumerou "não bastasse", Maria Luís Albuquerque "foi ainda parar a um banco internacional que foi um banco que vendeu 'swaps' ruinosos ao Estado no tempo em que Maria Luís Albuquerque celebrava esses 'swaps' ruinosos. E depois veio a negociar esses 'swaps' precisamente com o banco que a contratou no futuro".
À margem de uma visita à Feira do Livro do Porto, Mortágua considerou que Albuquerque é "uma figura política que teve uma responsabilidade governativa ligada ao sistema financeiro, que serve o sistema financeiro. É uma servente do sistema financeiro".
Mas se por um lado a escolha não diz muito sobre a pessoa em questão, Mortágua defende que diz muito sobre o Governo e as suas prioridades. "O que nos conta é que um Governo que acha que a sua prioridade é eleger para um lugar de topo na Europa uma pessoa que serve os maiores interesses financeiros do país. É um Governo que se presta a todo o tipo de favores, ao privilégio que governa para uma elite, que governa para uma bolha e que está muito desligado das reais necessidade de um país que sofreu tanto às mãos de Maria Luís Albuquerque".
A líder do Bloco de Esquerda considerou ainda que o Executivo quis "enviar um sinal" com esta escolha, quando confrontada com a eventual falta de diálogo que o Executivo teve com os outros partidos - razão pela qual tem sido criticado à Esquerda. "[Maria Luís Albuquerque] é uma voz da alta dos interesses financeiros internacionais, é uma voz da alta finança nos corredores da Europa", apontou ainda.
Leia Também: Rangel diz que Maria Luís Albuquerque é nome "à prova de bala"