PS/Madeira diz que "prazo de validade" de Albuquerque já passou
O presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, afirmou hoje que o "prazo de validade" do presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), já passou, considerando que isso se verificou "mais do que nunca" com a gestão do incêndio.
© Paulo Spranger /Global Imagens
Política Incêndio na Madeira
"Aquilo que se tem visto em Miguel Albuquerque é que o seu prazo de validade já passou [...]. E isso verificou-se mais do que nunca agora e os madeirenses indignaram-se com a própria postura do presidente do Governo e a forma como se combateu os incêndios", declarou Paulo Cafôfo, no Funchal, num evento de homenagem a antigos militantes, que assinalou a 'rentrée' política do partido.
O presidente da estrutura regional do PS, o maior partido da oposição na Assembleia Legislativa da Madeira, com 11 deputados, considerou que houve "descoordenação e incúria", mas "houve também muita falta de postura e sentido de responsabilidade" por parte do Governo Regional na gestão do incêndio que deflagrou em 14 de agosto e lavrou durante 13 dias.
"Rejeitaram ajuda, ignoraram alertas, desvalorizaram os riscos e marimbaram-se para a prevenção. A informação foi contraditória, a comunicação foi desastrosa e as mentiras foram continuadas ao longo dos dias dos incêndios e mesmo depois", apontou Paulo Cafôfo.
O socialista criticou também, entre outros aspetos, o facto de Albuquerque se ter ausentado da região enquanto o incêndio lavrava, a recusa inicial de ajuda do Governo da República, "os desmentidos sobre a vinda dos aviões Canadair", o "atraso no acionar do Plano de Emergência", assim como as "próprias limitações à ação e à função dos jornalistas".
"É por isso que todos nós nos indignamos quando Miguel Albuquerque diz que o combate ao incêndio foi um sucesso. Só se foi um sucesso no país das maravilhas da Alice, mas não neste país ou nesta região", declarou.
"Não se pode dizer que foi um sucesso quando mais de cinco mil hectares foram ardidos, quando tivemos populações deslocadas, um fogo descontrolado e um presidente que voltou para as suas férias", reforçou.
O presidente dos socialistas madeirenses defendeu ainda que Miguel Albuquerque "não tem dignidade para ocupar o lugar para o qual foi eleito" e assegurou que o partido, "na sua função de oposição, vai escrutinar até às últimas consequências a ação do Governo Regional".
Após um discurso de cerca de 20 minutos, Paulo Cafôfo foi questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de apresentar uma moção de censura ao Governo da Madeira, ao que respondeu que neste momento essa questão não está em cima da mesa.
O socialista considerou que o PS "tem sido muito responsável ao longo deste processo" e realçou que a prioridade é a comissão de inquérito, requerida pelo partido ao abrigo do direito potestativo.
"Sem existir a comissão inquérito e levar com a profundidade que deve ser levada a avaliação daquilo que foi o combate aos incêndios [...], o Partido Socialista não vai tomar uma posição", salientou.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava "totalmente extinto".
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.
Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.
Segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.
No discurso de hoje, perante os militantes e simpatizantes do partido, Paulo Cafôfo destacou também as eleições autárquicas de 2025 como a prioridade e "o grande desafio" do ano político que agora se inicia.
O líder do PS/Madeira vincou que o partido tem de ser exigente nas escolhas das listas, assim como "os madeirenses têm de ser exigentes nas escolhas que vão fazer", e assegurou que os socialistas vão "apresentar os melhores candidatos e os melhores projetos".
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