A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, confessou, esta terça-feira, que o partido deixou a reunião com o Executivo "com alguma preocupação", uma vez que "a visão do Governo para o Orçamento choca com a visão do progresso que o PAN tem para a sociedade".

"É com alguma preocupação que saímos desta reunião, porque a visão do Governo para o Orçamento choca com a visão do progresso que o PAN tem para a sociedade", começou por dizer a responsável, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

Sousa Real salientou que, para o partido, o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) deve "dar continuidade a políticas que até aqui têm sido prosseguidas", mas também "tem de dar resposta a eixos estruturais", tendo em conta o saldo positivo de 500 milhões de euros.

"Por um lado, ser promotor da economia verde, e por outro, da dimensão social", exemplificou.

A deputada única do PAN salientou que "o que não pode acontecer é termos um micro-orçamento, que possa cingir-se a algumas normas do ponto de vista do que possam ser os escalões do IRS".

"O PAN acompanha que é fundamental atualizarmos os escalões do IRS à taxa de inflação, mas temos de ter mais ambição. Não podemos continuar a ser o país onde continuamos a ter, todos os verões, grávidas a darem à luz nas rotundas e a não resolver o problema no OE", disse.

A responsável assegurou que o PAN deixou "bem claro as suas linhas vermelhas", assim como a necessidade de "execução do OE2024 e das suas prioridades".

"Caberá agora ao Governo disponibilizar-se para efetivamente se aproximar desta visão de progresso da sociedade e não deixar cair políticas que, até aqui, custaram muito a conquistar", apelou.

Recorde-se que a segunda ronda de negociações arrancou sem a participação do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e dos líderes do PS, Chega, IL e PCP. Além do PAN, a coordenadora do BE e o porta-voz do Livre participarão nos encontros.

De acordo com a agenda divulgada pelo Ministério dos Assuntos Parlamentares, as "reuniões de trabalho de preparação do OE2025" vão realizar-se na sala do Governo na Assembleia da República e começaram às 10h00, com o PAN, seguindo-se Livre às 11h00 e PCP às 12h00. O BE será recebido às 14h00, a IL às 15h00 e a ronda com a oposição termina com o PS às 16h00, não estando previstos encontros com PSD e CDS-PP, partidos que apoiam o Executivo.

O Chega será recebido pelo Governo na quarta-feira, já que o partido está hoje a terminar jornadas parlamentares em Castelo Branco, numa delegação sem André Ventura.

Do lado do Governo, estarão presentes o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.

A primeira ronda de reuniões realizou-se a 19 de julho, na residência oficial do primeiro-ministro, mas Luís Montenegro - cuja presença estava nessa ocasião prevista - faltou por razões de saúde.

O OE2025 terá de ser entregue no parlamento até 10 de outubro e os partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, somam 80 deputados. São, assim, insuficientes para garantir a aprovação do documento.

[Notícia atualizada às 11h28]

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