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PCP diz que portugueses e africanos travaram "luta comum" contra fascismo

O secretário-geral do PCP defendeu hoje a importância de recordar a "luta comum" desenvolvida pelos povos de África e de Portugal contra o Estado Novo numa altura em que se procura instrumentalizar o racismo e "perverter esses objetivos comuns".

PCP diz que portugueses e africanos travaram "luta comum" contra fascismo
Notícias ao Minuto

20:46 - 11/09/24 por Lusa

Política PCP

Num discurso numa sessão evocativa do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, que decorreu hoje na Casa do Alentejo, em Lisboa, Paulo Raimundo salientou que, numa altura em que se procura "acentuar clivagens e divisões com base na cor da pele ou outras" e se instrumentaliza "o racismo e a xenofobia para aprofundar a exploração", é importante recordar a "luta comum" desenvolvida pelos povos de África e de Portugal contra o Estado Novo.

 

"É justo e importante sublinhar que a luta antifascista em Portugal foi fundamental para apoiar e impulsionar a luta anticolonial em África, assim como a luta anticolonial deu um contributo importantíssimo para o desenvolvimento da luta contra o regime fascista, lutas que viriam a convergir na Revolução de Abril", afirmou Paulo Raimundo, num discurso feito perante representantes do PAIGC, do PAIGV, do MPLA e da Frelimo, provocando um longo aplauso.

O líder do PCP reiterou que é importante "sublinhar a luta comum dos povos de Portugal e das ex-colónias", referindo que a luta dos movimentos de libertação africanos não era "contra a diferente cor da pele ou etnia, mas sim contra o colonizador, o dominante e o explorador, fosse qual fosse a cor da sua pele ou etnia".

"Quando hoje se quer contrapor essa luta e perverter os objetivos comuns que as unia, evoquemos então Amílcar Cabral, e passo a citar: 'consideramos a luta do povo português como a nossa própria luta'", frisou.

Perante uma sala cheia, com várias pessoas a ouvirem a intervenção de pé, Paulo Raimundo considerou que é também importante retirar do passado "experiências e ensinamentos" para a "luta que continua pelo supremo objetivo da libertação de todas as formas de exploração e opressão".

Para o líder do PCP, o que a experiência histórica revela é que "aqueles que se apresentavam e pareciam dominadores eternos acabaram derrotados".

"Foi assim com a derrota do fascismo e as grandes conquistas de Abril, alcançadas pela força de um poderoso levantamento popular, foi assim na Guiné e Cabo Verde - e demais colónias portuguesas de África - com a liquidação do colonialismo e a conquista da sua independência. Foi assim, é assim e assim será", vincou.

Paulo Raimundo sublinhou que, apesar de ser verdade que os "poderes colonialistas e imperialistas procuram recuperar posições e prosseguir o domínio e a exploração das imensas riquezas do continente africano", também é verdade que "os povos africanos ousam afirmar e continuar o seu caminho soberano".

"Sinais de esperança que dão corpo aos ideais libertadores de soberania, progresso e justiça social pelos quais Amílcar Cabral deu a vida", referiu.

Antes deste discurso, a primeira secretária do PAIGC em Portugal, Aldonça Ramos, disse que, este fim de semana, teve conversas com jovens militantes do PCP na Festa do Avante! e ficou "meio atrapalhada" com uma das perguntas que lhe foi colocada.

Queriam "ter a certeza se, de facto, a luta de libertação armada teve algum impacto no 25 de Abril", frisou.

Por sua vez, o primeiro secretário do PAICV em Portugal, Daniel de Pina, referiu que Amílcar Cabral sempre destacou a importância da "solidariedade entre os povos" e incentivou os jovens a, perante o crescimento da extrema-direita, tornarem-se ativos politicamente e impedirem que os seus países "voltem atrás ou décadas".

Os dois representantes criticaram ainda a situação política que se vive nos seus países, salientando que em nenhum dos dois - onde nem o PAIGC ou PAICV governam ou são maioritários - foi autorizada a celebração oficial do centenário de Amílcar Cabral.

Daniel de Pina frisou ainda que Cabo Verde não é uma democracia exemplar - salientando que os jovens não podem "falar política" sob pena de sofrerem represálias profissionais -, enquanto Aldonça Ramos referiu que, se o PAIGC organizar um evento evocativo de Amílcar Cabral, é "vandalizado e agredido".

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