"Eu julgo que nós precisamos de avançar nessa matéria porque ontem tivemos apenas justificações. Nós precisamos que haja capacidade crítica também de quem está no Ministério Público", respondeu aos jornalistas Pedro Nuno Santos quando questionado sobre a audição parlamentar de Lucília Gago na quarta-feira.
Para o secretário-geral do PS, em "qualquer atividade" é preciso haver "a capacidade de fazer a crítica ao próprio trabalho".
"Nós nunca fazemos tudo bem e, em cada profissão, temos que ter a capacidade não só de criticar os outros, mas também de olhar para nós, ouvir as críticas dos outros a nós", defendeu.
Pedro Nuno Santos considerou que isso deve ser assim na política, mas também "qualquer procurador ou procuradora tem que ter a capacidade de fazer uma análise crítica também do seu trabalho".
"Nós nunca fazemos tudo bem", enfatizou.
Sobre se gostaria de ser ouvido pelo Governo para a nomeação de quem irá substituir Lucília Gago no cargo, o líder do PS considerou que seria natural, mas não faz disso um finca-pé.
"Não há nenhuma obrigação constitucional em fazê-lo. O Partido Socialista não faz essa exigência. Eu acharia natural como acharia natural que o principal partido da oposição fosse ouvido noutras matérias que não tem sido", explicou.
A procuradora Geral da República saiu na quarta-feira do parlamento sem concretizar o que afirmou sobre uma alegada campanha orquestrada contra o Ministério Público e também não se referiu ao caso que atingiu o ex-primeiro-ministro António Costa.
Ao longo de hora e meia de audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, os deputados, do PCP ao CDS-PP, com exceção do Chega, pediram a Lucília Gago para concretizar o que dissera, designadamente quem e com que objetivo está envolvido numa campanha contra o Ministério Público.
O deputado do PCP António Filipe abordou também o caso da Operação Influencer, que provocou em novembro passado a demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro, perguntando, diretamente, até quando se prolonga a investigação, mesmo que, aparentemente não tenham sido detetados crimes.
Porém, nas duas intervenções de fundo que fez perante os deputados -- e apesar da insistência na questão da alegada campanha orquestrada -, a PGR optou por não responder. Frisou, isso sim, que, ao contrário do que foi noticiado, esta foi a quarta e não a primeira vez que se deslocou ao parlamento para prestar esclarecimentos.
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