"Não nos revemos de todo nesta decisão de descapitalizar a RTP sem lhe dar alternativas", afirmou Rui Tavares, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita às instalações da Delta, em Campo Maior, distrito de Portalegre, onde o Livre termina hoje as suas primeiras jornadas parlamentares.
O dirigente disse desconfiar desse tipo de decisões, afirmando que, por vezes, Governos de direita querem privatizar e "empacotar serviços públicos aos pedaços" para "ir privatizando a pouco e pouco" mas, para isso, têm primeiro de "piorar o serviço" e "retirar-lhe a sua capacidade de ser sustentável" para depois dizer que "dá prejuízo" e então privatizá-lo.
"Achamos que essas privatizações pela porta do cavalo, que enfim, já só enganam quem querem enganar, são indesejáveis para o nosso país", defendeu.
O fim da publicidade da RTP, que será um processo gradual e que terá um impacto na redução anual da receita nos próximos três anos de 6,6 milhões de euros, é uma das 30 medidas do Plano de Ação do Governo para a Comunicação Social, que será apresentado hoje.
Em oposição ao plano do Governo, o Livre defende o reforço do setor "através de novos projetos e novas políticas públicas, de valorização do jornalismo, de valorização dos rendimentos dos jornalistas".
"Se querem começar a ajudar o jornalismo, devem começar por aí e ver quais são os frutos dessas políticas que demoram tempo. Não podemos é neste momento estar a cortar as árvores que temos e que vamos tendo. A RTP e a Lusa são um exemplo do pluralismo que nós temos no jornalismo em Portugal e que temos que preservar", considerou.
Na ótica do Livre, "passar tudo para o mercado" significa "o pluralismo de uma forma de produzir única, que será a forma de produzir do mercado para o lucro".
"Vamos olhar com muita atenção para tudo o que aí vier e no parlamento acompanhar", acrescentou.
A agência Lusa vai ter, a partir de 2025, um conselho de supervisão e fazer descontos a órgãos de informação, locais e nacionais.
O executivo tem dúvidas jurídicas quanto à gratuitidade do serviço da Lusa, defendido pelo anterior Governo (PS), devido ao direito da concorrência da União Europeia (UE), e optou por descontos, de 50% a 75% para os órgãos regionais e locais e de 30% a 50% para os media nacionais.
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