Numa declaração aos jornalistas na Assembleia da República, minutos depois da entrega do Orçamento do Estado para o próximo ano pelo ministro das Finanças, o líder do Chega defendeu que o Governo "ou quer este orçamento feito à medida do PS, ou quer outro orçamento feito com as bandeiras que sempre tinha defendido, menos impostos para as pessoas, menos impostos para as empresas, combate à imigração ilegal, combate à corrupção".
Esta posição surge depois de o Governo ter retirado as propostas de lei que visavam autorizar o Executivo a legislar sobre o IRS Jovem e para baixar o IRC, num "sinal de boa vontade" para a negociação do Orçamento de Estado para 2025, confirmou à Lusa fonte governamental.
Para Ventura, esta decisão configura uma "traição à direita". O líder do Chega considerou que o primeiro-ministro tem "ainda a hipótese de mudar isto e de fazer uma alteração".
"Nós defendemos menos impostos para as empresas, menos impostos para os jovens. Ao rejeitar isto e a ir ter com o PS, que só se preocupa com outro tipo de voto, que não é o voto dos mais jovens nem com as empresas, é uma traição à direita", defendeu.
Falando à porta da sala do grupo parlamentar, para onde o Chega convocou os jornalistas, Ventura desafiou o Governo a "refazer alguns itens importantíssimos neste Orçamento do Estado", apresentando uma nova versão ainda antes da discussão e votação do documento na generalidade.
O líder do Chega salientou que, se isso não acontecer e continuar a versão entregue hoje no parlamento, "então não haverá mesmo outra alternativa senão o PS viabilizar este orçamento".
"Tal como eu disse no início, para mim irrevogável tem uma única expressão e um único sentido, é o sentido de dizer ao Governo ou negocia à direita e faz essa transformação ou continua com o orçamento do PS", avisou.
Em 10 de setembro, o presidente do Chega tinha garantido que o voto contra o OE2025 seria "irrevogável".
Hoje, André Ventura afirmou que "não é o momento" de dar uma resposta definitiva sobre o sentido de voto do Chega, remetendo a decisão final para depois de consultar a Direção Nacional do partido.
Na terça-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou-se convicto de que a proposta orçamental do Governo será aprovada pela Assembleia da República e afastou uma negociação com o Chega, partido que acusou de se comportar como um "cata-vento".
Leia Também: CFP afirma que cenário macroeconómico no OE2025 é provável e prudente