Chega anuncia que "vai votar contra" proposta de Orçamento do Estado

Líder do Chega acusou o Governo de "dar com uma mão e tirar com duas", no que toca às propostas fiscais do Governo no Orçamento do Estado.

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José Miguel Pires com Lusa
15/10/2024 15:59 ‧ 15/10/2024 por José Miguel Pires com Lusa

Política

André Ventura

O presidente do Chega, André Ventura, disse que o partido "vai votar contra" a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) do Governo, argumentando que "este Orçamento vem na linha do pior que o Partido Socialista (PS) fez".

 

Em declarações aos jornalistas, nesta terça-feira, Ventura disse que a proposta "é um logro e um engano fiscal que o Governo quer levar a cabo, que nunca seria possível num tal acordo alargado com o Chega".

"Este nunca seria o Orçamento feito com o Chega. Por isso, a meio do caminho, o Governo decidiu inverter-se e encontrou no PS o seu parceiro", concluiu, admitindo que este é um Orçamento "de um Governo em combate político".

"Não é o nosso Orçamento", afirmou, considerando que "segue a mesma lógica dos orçamentos do PS", ou seja, "cobrar mais, fazer poucas mudanças, desagravar pouco e distribuir pelos mesmos de sempre", na "mesma lógica que levou António Costa a oito anos de poder e ao estado do país em que nos encontramos".

De recordar que a atualidade política ficou marcada, nas últimas semanas, por uma revelação feita por Ventura, que alegou ter estado reunido com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para negociar um eventual acordo entre o Governo da Aliança Democrática (AD) - composto pelo Partido Social Democrata (PSD) e pelo CDS-PP - e Chega para ver aprovada a proposta de Orçamento do Estado.

"Traição à Direita"

Nas críticas às propostas fiscais da AD, Ventura atirou: "Foi isto que combatemos ao longo dos últimos oito anos e representa uma traição à Direita. Dizer que se vai reduzir impostos e dar-se no IRS aquilo que se vai buscar no ISP e em impostos sobre combustíveis é mentir às pessoas e dizer que temos um Orçamento com menos impostos sentidos nos bolsos dos portugueses, mas que depois vamos tirar-lhes nos impostos indiretos".

O líder do Chega considerou, também, que "os portugueses vão sentir no IRS um artifício de conforto, para sentir um aumento de desconforto no minimercado, nas bombas de gasolina, nas estações de serviço, nos stands de automóveis e em todo o lado, em geral", descrevendo as propostas fiscais do Governo da AD como "o imposto de dar com uma mão e tirar com duas", servindo para "penalizar quem todos os dias tem de trabalhar, investir e sair de casa, ao contrário de outros a quem o dinheiro é distribuído de mão beijada".

Montenegro diz-se

Montenegro diz-se "focado na responsabilidade" de chefiar Governo

O primeiro-ministro disse hoje estar "focado na responsabilidade" de chefiar o Governo, quando questionado sobre as acusações do Chega, e recusou que o Orçamento do Estado para 2025 contenha um aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP).

Lusa | 20:42 - 14/10/2024

A Comissão Política Nacional do PS vai decidir o sentido de voto do partido no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) na segunda-feira, disse à Lusa fonte oficial socialista. De acordo com a convocatória da reunião, assinada pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, a que agência Lusa teve acesso, a reunião deste órgão decorrerá segunda-feira à noite na sede do partido, em Lisboa.

O debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2025 - que foi entregue na Assembleia da República a 10 de outubro - está marcado para 30 e 31 de outubro, sendo que a votação deverá acontecer no último dia desse mesmo mês.

A manter-se o voto contra do Chega, o Governo precisará do PS para viabilizar a proposta, bastando uma abstenção do principal partido da oposição para esse efeito.

[Notícia atualizada às 18h29]

Leia Também: "Sou um otimista militante e acredito que o OE vai ser viabilizado"

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