"Não podemos ignorar que existe racismo e violência policial"

Pedro Nuno Santos condenou os incidentes violentos em Lisboa na Grande Entrevista, na RTP.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Cátia Carmo
23/10/2024 23:44 ‧ 23/10/2024 por Cátia Carmo

Política

Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, condenou os incidentes violentos que têm ocorrido, nas últimas noites, na zona de Lisboa, e afirmou que a revolta por injustiças "é legítima", mas não "através da violência".

 

"Merecem a condenação e, obviamente, todo o apoio para que seja reposta a ordem, é fundamental. A expressão dessa revolta é legítima, mas não é útil quando expressa através do incumprimento da lei e da desordem e violência que acaba por ter consequências muito negativas para outros cidadãos inocentes", defendeu o socialista no programa Grande Entrevista, da RTP.

Numa clara referência a André Ventura e ao Chega, Pedro Nuno criticou "um líder político" que "explora estes episódios para benefício político e eleitoral" e reforçou que não se pode "ignorar que existe racismo e violência policial".

"É uma questão de segurança muito importante e não podemos ignorar que as forças de segurança em Portugal trabalham em condições inaceitáveis, mas também não podemos ignorar que existe racismo e violência policial", afirmou o secretário-geral do PS.

Mais polícia nas ruas? Medidas anunciadas pelo Governo são "lista de compras"

Pedro Nuno Santos lembra que, apesar da criminalidade, "Portugal é um dos países mais seguros do mundo" e vê as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, no fim de semana, que prometem trazer mais polícia para as ruas, como "uma lista de compras".

"A questão da segurança e combate à criminalidade é muito importante, mas não devemos apresentar uma perceção errada sobre o nosso país. Alimentar o medo é o pior caminho para defendermos a qualidade da nossa democracia", afirmou.

No entanto, Pedro Nuno quis deixar claro que não está a "equiparar os discursos do primeiro-ministro aos do líder da extrema-direita portuguesa", André Ventura.

"Não o faço, mas é muito importante que quem tem responsabilidades a chefiar um Governo não se concentre apenas no lado da repressão, mas também ter a capacidade de perceber o que acontece na sociedade portuguesa", esclareceu Pedro Nuno.

"Para mim era inaceitável viabilizar o Orçamento sem o conhecer antes"

O socialista considera que a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 pelo PS "não demorou mais tempo do que devia" e, na sua opinião, "era inaceitável viabilizar o Orçamento sem o conhecer antes".

"Comuniquei a decisão ao país uma semana depois da entrega do Orçamento. Optámos por negociar e negociar exige tempo. O normal é o principal partido da oposição não viabilizar o Orçamento de quem está a governar, mas nós demos uma oportunidade à negociação. Não é novela nenhuma, é uma negociação", disse o secretário-geral do PS.

Questionado também sobre se as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acabaram por influenciar a sua posição, Pedro Nuno admitiu que "as posições dos diferentes intervenientes políticos são importantes".

"O PS é um partido institucional, que respeita as instituições democráticas. Nunca apoiei o Presidente da República, nem da primeira nem da segunda vez, mas não ignoramos o que diz", acrescentou.

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