O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) comentou, este domingo, o panorama político em Portugal, mas também nos Estados Unidos, país que vai a votos na terça-feira para eleger o novo presidente.
"Em circunstâncias normais de tudo o que conhecemos de Donald Trump, ele devia estar neste momento derrotado. Ele é o exemplo máximo no mundo ocidental da falta de decência na vida política. Não respeita regras básicas da democracia. Não respeitou resultados eleitorais há quatro anos e ainda hoje não reconhece", referiu no seu espaço habitual da SIC Notícias quando confrontando com os resultados das sondagens mais recentes, que apontam para um empate técnico.
"Ele foi o autor moral daquele selvático ataque ao capitólio. Apesar de tudo isto, ele está muito próximo de ganhar. Oxalá não ganhe", acrescentou, dando conta que apesar do empate técnico, existe uma tendência que aponta que o republicano pode vir a ser eleito para a Casa Branca, contra a democrata Kamala Harris.
Marques Mendes defendeu que há sobretudo duas razões que podem explicar uma eventual vitória: a economia e a imigração. Sublinhando que a economia norte-americana "nem está mal", o social-democrata apontou que o "problema é que as pessoas não sentem isso no dia a dia". "As perceções públicas são sempre mais fortes do que a realidade. As pessoas querem ver o bolso cheio com dólares. E não têm", afirmou, referindo-se aos efeitos causados pela crise da inflação, apesar do crescimento económico que se tem vindo a registar.
"E depois a imigração, que é o 2.º grande tema do ex-presidente. As pessoas sentem que a imigração está descontrolada e que muitos imigrantes estão a entrar para roubar os empregos", justificou, dando conta de que se tratava mais uma vez de uma questão da "perceção pública", que "beneficia os republicanos".
Marques Mendes elogiou, no entanto, a campanha de Kamala Harris, que entrou já 'a meio' da corrida'. E falou ainda de um "trunfo muito forte que ela pode ter: se democratas conseguirem mobilizar fortemente eleitores e, sobretudo, as mulheres, ela pode ter uma vantagem. A questão do aborto foi forte. Nunca a questão das mulheres foi um tema tão forte como nesta campanha. E isso pode ajudá-la. Mas temos de ser honestos: sondagens dão sinal, mas já se enganaram. Está tudo em aberto", atirou.
E por cá?
Marques Mendes falou ainda dos tumultos em Lisboa, da perceção de insegurança e também das polémicas declarações do autarca de Loures, que, apesar de estarem "longe de serem felizes", chamam "indiretamente para a atenção do problema que está por detrás" de algumas questões em relação á segurança.
Recorde-se que o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo leão, durante a semana defendeu eventuais despejos dos envolvidos nos desacatos que têm marcado os últimos dias a Área Metropolitana de Lisboa.
A ministra não percebeu a questão da oportunidade. Então no momento em que as pessoas querem mais segurança vai-se falar de direito à greve dentro das polícias?
Mas para além desta questão dos tumultos, que se tem vindo a arrastar ao longo das últimas semanas, Marques Mendes falou também do direito à greve das polícias - tema que hoje já esteve "em cima da mesa", mas que de lá 'caiu' rapidamente.
Em causa estão declarações da Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que admitiu debater este direito nas negociações previstas para janeiro. Mais tarde, este domingo, o próprio Ministério da Administração Interna atirou esta possibilidade 'ao chão', esclarecendo que "a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve".
"Ao fim da tarde, [a ministra] fez uma nota a recuar. A dar o dito por não dito e a dizer: 'O assunto não vai ser negociado'. Nem podia ser de outra maneira. A ministra teve uma infelicidade esta manhã e agora corrigiu ao fim da tarde", considerou, dando conta de que havia duas razões para tal. A primeira diz respeito ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que foi "categórico" nesse aspeto, tendo mesmo num debate chamado de "irresponsável" o líder do Chega, André Ventura, quando este último "defendeu o direito à greve".
E completou, considero que este episódio, era algo que "fragilizava" Blasco no cargo: "A ministra não percebeu a questão da oportunidade. Então no momento em que as pessoas querem mais segurança vai-se falar de direito à greve dentro das polícias? É o mundo das prioridades invertidas. Fez bem agora. Corrigir, recuar, mas recomenda-se para o futuro, como para a qualquer pessoa: Pensar antes de falar".
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