Luís Marques Mendes criticou o Governo pelo erro que levou esta semana o Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, a reconhecer que as estatísticas sobre o número de alunos sem aulas podem não corresponder à realidade.
"Um dos melhores ministros deste Governo teve aqui um erro que devia ter sido evitado", apontou o antigo dirigente do Partido Social Democrata (PSD) no seu espaço habitual de comentário este domingo na SIC. "Estas coisas não devem acontecer, são muito más para a imagem pública."
Para o comentador político, não chega pedir uma auditoria à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), é preciso apurar responsabilidades: "E se se concluir que as coisas de facto estavam erradas, não há responsabilidades de ninguém? Não rola nenhuma cabeça? Acho que isto é um erro que não pode acontecer, o Governo tem de ter mais cuidado", apontou.
Marques Mendes comentava assim o facto de o ministro Fernando Alexandre ter reconhecido, na quinta-feira, que as estatísticas avançadas pelo Governo que davam conta de que, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade.
Antes, o antigo líder do PSD tinha comentado a declaração do primeiro-ministro ao país, na quarta-feira, em horário nobre televisivo, a partir de São Bento, sobre segurança, que foi alvo de críticas da oposição.
"No plano da forma, acompanho vários dos reparos e críticas que foram feitos", começou por referir Marques Mendes, defendendo que a mesma "não deveria ter sido feita daquela forma com pompa e circunstância".
Na ótica do comentador da SIC, a declaração "não tinha nem nenhuma gravidade nem nenhuma novidade que justificasse a intervenção do primeiro-ministro" e "não devia ter sido feita às oito da noite". "É uma má gestão das expectativas", considerou.
Por outro lado, para Luís Marques Mendes, aquela declaração ao país "devia ter sido feita pela ministra da Administração Interna" e só não o foi, "provavelmente", porque Margarida Blasco "não tem o estatuto forte que um ministra da Administração Interna deve ter".
Tarjas? "Indignarem-se muito e depois receber o dinheirinho não é muito coerente"
Sobre o Orçamento do Estado para 2025, aprovado na sexta-feira, Luís Marques Mendes considera que "é o Orçamento possível".
"Em circunstâncias normais, se houvesse uma maioria governativa, acho que o Orçamento teria mais ambição, mais vontade reformadora", frisou, destacando ainda assim quatro aspetos positivos no documento.
O primeiro é o facto de haver um excedente orçamental, o que é uma "válvula de segurança" e um "fator de credibilidade para o exterior". O segundo aspeto é ser um Orçamento "muito positivo para os jovens, para ajudar a diminuir a imigração de jovens talentos para o estrangeiro".
Para o antigo dirigente do PSD, este Orçamento do Estado "é também um Orçamento com um sinal positivo para as empresas e para o investimento". "Há muitos anos que não havia uma redução da taxa do IRC", exemplificou.
Finalmente, o "setor mais beneficiado" são os pensionistas e os reformados - "sobretudo porque vão ter, pela certa, dois aumentos a partir de janeiro" (todos em 2,6% em janeiro por via da lei e um aumento extraordinário de 1,5% decidido no Orçamento do Estado).
"Ou seja, a maioria das pensões vai ter um aumento na ordem de 3,8%", concluiu.
Sobre a conclusão da "grande novela orçamental" em si, Marques Mendes faz uma reflexão: "O próximo Presidente da República, qualquer que ele seja, vai ter uma função muito importante que é ser um construtor de pontes entre Governo e oposição - em matérias orçamentais e não só".
"Portugal precisa de um Presidente que faça pontes e entendimentos", sublinhou.
Já sobre o protesto do Chega, no dia da aprovação do documento, o comentador da SIC diz não entender a contestação nem "muito menos a forma em que foi feita".
"A ideia de colocar as tarjas na Assembleia da República é de muito mau gosto, mandava o bom senso que não se fizesse uma coisa daquelas. Mas também não percebo a contestação porque não houve nenhum aumento da classe política, é uma reposição", explicou, sugerindo aos deputados que não estão de acordo, que doem esses 5% a instituições de caridade.
"Indignarem-se muito e depois receber o dinheirinho, isso é que não é muito coerente", atirou
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