A presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, a socialista Sónia Sanfona, quer acabar com os apoios escolares para os alunos cujos familiares exibam "sinais exteriores de riqueza".
A proposta da autarca do PS foi aprovada por unanimidade na reunião da Câmara do final de novembro, mas não sem antes gerar algumas dúvidas, como se pode ver no vídeo partilhado no canal de Youtube do município.
"Quem vai avaliar esses sinais? E como?", questionou a vereadora da CDU, Fernanda Cardigo.
"A autarquia e se são sinais exteriores, são sinais visíveis", ripostou Sónia Sanfona, enumerando alguns exemplos: "carro de alta cilindrada que custa 30 ou 40 mil euros", "um iPad, um iPhone que custa mil e tal euros e depois o filho a pedir o escalão A". "É relativamente simples", atirou.
A proposta esteve em consulta pública de setembro a outubro. Não foram apresentados pedidos de alterações e, por isso, deverá avançar. O que não ficou de claro foi quando, como e em que moldes.
Segundo o Público, a posição da socialista está a gerar desconforto dentro do partido. Alguns militantes comparam mesmo o discurso da autarca com o do Chega e demarcam-se das declarações, por não reverem os valores defendidos pelo partido.
Ao jornal, Ana Gomes recordou mesmo as semelhanças deste caso com as de Ricardo Leão, autarca de Loures, que defendeu despejos de inquilinos municipais quando estes cometem crimes e um corte nas refeições escolares de alunos de famílias com condições para as pagarem. Está a "ir a reboque da agenda do Chega", refletiu a antiga eurodeputada socialista, condenado a "ideia preconceituosa" da presidente de Alpiarça, "em relação a algumas famílias de alguns grupos étnicos".
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