"É, de facto, alguma hipocrisia política ouvir o PS lançar ferozes ataques às forças populistas quando em 2015 saltou para o colo da extrema-esquerda e agora, todas as sextas-feiras, no parlamento, salta para o colo do Chega", afirmou Hugo Soares, em Vila do Conde, distrito do Porto, em resposta à tese lançada no domingo pelo líder do PS segundo de que o combate à extrema-direita deve ser feito "olhos nos olhos".
Após visitar a fábrica de caiaques Nelo, o também secretário-geral do PSD apontou a votação do Orçamento Regional (OR) da Região Autónoma da Madeira como um exemplo da cumplicidade entre o PS e o Chega: "Mais uma vez o PS, com a cumplicidade do Chega, vai poder chumbar o OR da Região Autónoma da Madeira e, eventualmente, daqui a uma semana aprovar a moção de censura ao Governo de Miguel Albuquerque".
"As provas e as demonstrações dessa cumplicidade entre o Chega e o PS são tantas que depois se torna ridículo ouvir o combate feroz, gongórico do secretário-geral do PS às forças extremistas", sustentou.
Hugo Soares apontou ainda o dedo ao PS pelo crescimento do apoio a forças extremistas, dizendo que "é por isso que os portugueses cada vez mais, infelizmente, apoiam forças extremistas":
"É que a realidade politica não pode ser diferente da retórica, os políticos não podem dizer uma coisa e fazer exatamente o contrario, e é isso que acontece com o PS", argumentou.
Para o líder parlamentar social-democrata, a relação entre PS e Chega não é o único momento da história dos socialistas que envolve cumplicidades com partidos que o PSD considera extremistas: "É muito curioso que esse ataque feroz ao Chega venha do PS, não deixa de ser mesmo curioso porque, como qualquer português sabe, os extremismos são iguais, eles tocam-se".
"Mas o que é curioso é que quem saltou para o colo das forças extremistas foi o PS: em 2015, quando fez uma geringonça com dois partidos extremistas e populistas à esquerda e agora quando, todos os dias no parlamento, se alia com o Chega, o Chega sendo muleta do PS para aprovar legislação fundamental", referiu.
Ainda sobre a crise politica na Madeira e sobre possíveis consequências de um eventual chumbo do orçamento daquela região autónoma, Hugo Soares rejeitou que, perante esse cenário, o atual presidente do Governo regional da Madeira possa ser um embaraço, lembrando a autonomia do PSD madeirense.
"Eu creio que é absolutamente confortável [a continuação de Miguel Albuquerque] (...) nós não apregoamos a autonomia das regiões por apregoar. Nós respeitamos mesmo a autonomia das regiões autónomas (...). Quem decide quem representa o PSD na Madeira são os militantes do PSD na Madeira, foi sempre assim e vai ser sempre assim", concluiu.
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