Face às notícias que, no sábado, deram conta de que a esposa e os filhos do primeiro-ministro, Luís Montenegro, detêm uma empresa de compra e venda de imóveis que poderá beneficiar da alteração à lei dos solos, o secretário-geral do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares, sublinhou que a família do chefe do Governo "não tem nenhuma imobiliária" e que a "notícia é falsa". Ainda assim, tanto o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, como o líder do Chega, André Ventura, apelaram a que Montenegro dê "boas explicações" sobre o caso.
"Essa empresa que é detida pela família pelo Dr. Luís Montenegro nunca fez nenhuma transação de nenhuma propriedade, não tem nenhuma propriedade e é, efetivamente, uma empresa de consultoria", apontou Hugo Soares, em declarações à imprensa.
O líder parlamentar do PSD frisou ter "a certeza absoluta” de que “os portugueses sabem que querem na política pessoas que trabalharam, que pagaram salários, que têm carreiras, que têm profissões, que têm família", e não “políticos meramente de carreira que nunca trabalharam, que nunca fizeram nada antes de estar no exercício de funções públicas".
"Vamos esclarecer de uma vez por todas. Não tem nenhuma imobiliária que tenha feito nenhum negócio na área do imobiliário, não tem nenhuma propriedade naquela empresa, nem tenciona fazer nenhum negócio em sede de negócios imobiliários. De resto, é um não-assunto", reforçou.
Pedro Nuno Santos, por seu turno, apelou a que o primeiro-ministro dê explicações não só sobre esta situação, mas também sobre os "casos" que envolvem membros do Governo, para que "não se adensem dúvidas e suspeitas".
"Acredito mesmo que haja boas explicações para qualquer um destes casos. Mas, até para evitar que se adensem dúvidas e suspeitas, é muito importante que o senhor primeiro-ministro dê esclarecimentos e faça declarações aos jornalistas", afirmou.
O socialista recordou ainda que o chefe do Governo não fala aos jornalistas desde 20 de janeiro, com exceção, frisou, do dia 3 de fevereiro, quando "falou de uma candidatura presidencial que apoia".
Pedro Nuno foi mais longe, tendo atirado que, quando Luís Montenegro estava na oposição, "fazia sempre questão de exigir explicações ao Governo anterior".
"Um primeiro-ministro e um político têm de se sujeitar às perguntas que os jornalistas fazem, para que as pessoas que estejam em casa tenham as suas dúvidas esclarecidas", complementou.
Também o Chega exigiu que Luís Montenegro desse "ao país um esclarecimento sério e clarificador desta situação", ao mesmo tempo que alertou que, se isso não acontecer, "desencadeará as devidas ações políticas para responsabilizar o chefe de Governo".
Saliente-se que, segundo o Correio da Manhã, a mulher e os dois filhos do primeiro-ministro são sócios na Spinumviva, de que Luís Montenegro foi fundador e gerente.
O jornal recordou que, face à alteração à lei dos solos aprovada pelo Governo, a empresa poderá beneficiar desse quadro legal, estando em causa uma "situação de potencial conflito de interesses".
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