Nuno Afonso. Grupo parlamentar do Chega "parece quase um infantário"

Nuno Afonso sublinhou que "ser líder parte muito de dar o exemplo" e que o que se tem "visto é que não há exemplo".

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© Pedro Pina - RTP

Notícias ao Minuto
16/02/2025 23:35 ‧ há 3 dias por Notícias ao Minuto

Política

Chega

O fundador e ex-militante do Chega, Nuno Afonso, afirmou que "não se revê" nos comportamentos do partido, referindo-se, não só, mas também, aos insultos dirigidos à deputada do Partido Socialista, Ana Sofia Antunes, na passada sexta-feira. E não se sente "dececionado ou desiludido" por ter saído.

 

"Sinto um bocado a responsabilidade por aquilo que está ali [referindo-se ao Chega]. Eu sou um dos fundadores do partido e se há coisa em que não me revejo é, de facto, neste tipo de comportamentos, que não são de agora", sublinhou Nuno Afonso, em entrevista, este domingo, na CNN Portugal. 

E acrescentou: "Não aconteceu esta semana pela primeira vez, infelizmente. Tem sido reiterado, ao longo dos últimos anos, no Parlamento português. [...] Outro dia, perguntaram-me se eu me sentia dececionado ou desiludido por ter saído do partido em rota de colisão ou por ter saído do partido, e eu acho que não". 

O fundador do partido afirmou ainda que o "que se tem passado é exatamente a prova" de que tomou a "decisão certa", salientando que não se "reveria a estar sentado" ou "não se sentiria bem sentado no meio daquelas pessoas a terem aquele tipo de comportamentos"

Quando perguntado se, caso não tivesse este diferendo com André Ventura e se fosse confrontado com os sucessivos casos das últimas semanas, se teria questionado a sua continuidade no Chega, Nuno Afonso foi claro: "Com certeza que sim".

"Há um caso, e eu achava que não se poderia descer mais baixo do que isto, que é o caso de Romualda em que um deputado lhe disse 'boa noite' em plena luz do dia por ela ser negra. Eu achava que não se conseguia descer mais", atirou. 

Outra coisa inacreditável é que se isto se passasse noutro partido qualquer, o que é que André Ventura diria?

O ex-militante do Chega voltou ainda a vincar que não se revê nos comportamentos do partido e que "se estivesse no Parlamento, nesta altura, estaria a pensar seriamente" se permaneceria ali ou "naquelas condições".

"Outra coisa inacreditável é que se isto se passasse noutro partido qualquer, o que é que André Ventura diria? Se isto se passasse no Bloco de Esquerda, que tipo de atitude ele teria? Se já estaria a pedir a cabeça de Mariana Mortágua, demissões no grupo parlamentar", notou Nuno Afonso. 

Para o próprio, "ser líder parte muito de dar o exemplo", referindo que aquilo que se tem "visto é que não há exemplo" e que o presidente do partido, André Ventura, deveria "assumir o erro, pedir desculpa, pedir à sua deputada que assumisse um pedido de desculpas formal", uma vez que "não ofendeu apenas a deputada do PS, ofendeu toda uma comunidade de pessoas com deficiência".

"Se fosse outro partido, Ventura estava a pedir demissões"

Já sobre o facto de a deputada Diva Ribeiro parecer, de algum modo, desconfortável enquanto fazia a declaração - e questionado sobre se esta poderia ter sido instruída a fazê-la -, Nuno Afonso afirmou ser "possível".

No entanto, frisou que não conhece a deputada Diva Ribeiro e que não sabe "se se exporia a isso se não fosse a sua intenção". 

Perguntado sobre se um pedido de desculpas seria suficiente ou se deveria haver consequências políticas, como por exemplo, uma demissão, o ex-militante destacou que "se fosse outro partido, o André Ventura estava a pedir demissões, seguramente".

"Acho que pedir a demissão de um deputado não é algo assim tão simples porque vai partir do próprio deputado. E uma coisa de que o André Ventura tem imenso medo é de ter deputados a passar para [deputados] independentes, como aconteceu com o Miguel Arruda. Ele arriscava pedir à deputada que saísse e ela podia passar a independente, chateada com o partido como aconteceu com Arruda", afirmou. 

Nuno Afonso defendeu ainda que "a deputada devia pedir desculpas", "explicar que a intenção não era ofender nem a deputada, nem os deficientes", que "foi um aparte da inexperiência política que tem" e assim "passava pelos pingos da chuva".

"Acabava por sair, não digo por cima, porque depois daquilo que fez sair por cima é difícil, mas, pelo menos, sair de uma forma mais simpática e vista de uma forma diferente daquilo que é vista neste momento", frisou. 

Quanto a regras mais apertadas para controlar os deputados no Parlamento, o fundador do Chega afirmou que, "aquele grupo parlamentar", por aquilo que sabe e que "se vê", "parece quase um infantário".

"Imagine, que em 50 deputados, 30 têm aquele comportamento. O presidente da Assembleia da República vai mandar retirar aqueles 30 deputados de um grupo parlamentar? E depois nas votações como é que isso ficava? Em certas votações isso ia dar problemas e depois haveria vitimização", sublinhou. 

Nuno Afonso realçou que o "código de conduta da Assembleia da República tem um ponto específico que diz que os deputados têm de ter respeito pelos outros deputados e pelos órgãos de soberania".

"Acho que num código de conduta não pode haver esse tipo de sanções. É algo que eles vão ter de pensar, mas não me parece que resulte", respondeu.

Leia Também: "Há muitos mais casos que [Ventura] soube e fingiu que não sabia"

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