Ana Gomes analisou, no habitual espaço de comentário de domingo à noite, na SIC Notícias, a polémica relacionada com a imobiliária da mulher e filhos do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e as repercussões que o negócio pode ter no futuro e duração do Governo da Aliança Democrática (AD).
Para a socialista, não há dúvidas que há aqui um "conflito de interesses", uma vez que a empresa, que Luís Montenegro foi também fundador, poderá beneficiar com a alteração à lei dos solos aprovada pelo Executivo e isso poderá mesmo conduzir a novas eleições.
"Isto é uma acelerada queda do Governo, não sei mesmo se chegará a 2026 porque este caso de conflito de interesses", realçou, lembrando que, por "várias vezes", já tinha dito, no mesmo espaço de comentário, que "a lei dos solos é um esquema para favorecer a especulação e a corrupção e para desordenar o território".
"Não é por acaso que Luís Montenegro tentou não falar sobre o dito secretário de Estado que preparou esta lei e que acabou por se demitir. Aliás, até veio desculpá-lo, dizer que ele era desprendido e tentar minimizar [o caso]", salientou, recordando que "na remodelação" o Chefe de Governo trouxe "um novo secretário de Estado que lhe deu contratos por ajuste direto quando ele tinha um escritório de advocacia".
Estes dois casos, na opinião da ex-eurodeputada, revelam, por isso, "uma falta de ética total. Falta de noção, de transparência que não se pode aceitar. Não me admira nada que isto cause grande apreensão pública, permita todo o tipo de oportunismos, como é o caso da moção de censura do Chega".
Para Ana Gomes, esta questão da imobiliária e da lei dos solos são assim a 'gota de água' num Executivo que já tinha vários problemas por resolver, como é o caso da "Saúde", da "Segurança Social", da "falta de transparência" e até de casos como o Tutti Frutti, onde alguns dos arguidos são do PSD.
Leia Também: Que se passa com imobiliária? Partidos exigem "explicações" a Montenegro