O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considera que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, "está a agir bem e responsavelmente" ao pedir explicações ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre a polémica com a imobiliária da família, mas vê a moção de censura do Chega ao Governo como "mais um número de pirotecnia política" do partido de extrema-direita.
"André Ventura é o maior pirotécnico que a política portuguesa conheceu nos últimos anos e nessa matéria – de foguetes e de foguetório – ele é um grande especialista. Verdadeiramente não traz um desígnio para o país enquanto partido novo, não traz uma ideia sobre o que são as alterações estruturais para melhorar a vida das pessoas que têm mais dificuldades, o ensino, a saúde e a educação", defendeu, em declarações à CNN Portugal, Adalberto Campos Fernandes.
Na opinião do antigo ministro, estas reações de Ventura só têm como objetivo "fazer, de alguma forma, esquecer a vergonha – palavra que ele muito usa – do seu próprio partido e deputados" do Chega.
"Lançar para cima de todos os outros uma ideia de que todos são potencialmente criminosos, vivem numa atmosfera de fraude e cometem ilícitos. O país está mergulhado numa imensidão de podridão e é este salvador do regime e da pátria que chega para salvar o país", acrescentou o ex-ministro da Saúde.
O Correio da Manhã noticiou no sábado que a empresa Spinumviva da família de Luís Montenegro "poderá beneficiar com a alteração à lei dos solos aprovada pelo Governo" e que, sendo o primeiro-ministro "casado em comunhão de adquiridos com a principal sócia da firma", isso o deixará "numa situação de potencial conflito de interesses".
Em resposta ao jornal, o primeiro-ministro defendeu que não existe qualquer conflito de interesses, afirmou que desde 30 de junho de 2022 não é sócio dessa empresa, de que foi fundador e gerente, e que "nunca foi, não é e não será objeto da atividade da empresa qualquer negócio imobiliário ligado à alteração legislativa" da lei dos solos.
No domingo, o presidente do Chega, André Ventura, ameaçou apresentar uma moção de censura ao Governo PSD/CDS-PP, se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não desse explicações ao país sobre este assunto, o que ainda não aconteceu, e a moção entretanto foi entregue, e será debatida e votada na sexta-feira.
Na segunda-feira, André Ventura disse que a empresa em causa tem sede na casa de Luís Montenegro, em Espinho, e exigiu ao Presidente da República que encare as atuais condições políticas do primeiro-ministro para se manter em funções.
Embora demarcando-se da moção de censura, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que este caso é "muito semelhante" ao que levou à demissão do secretário de Estado Hernâni Dias e instou também Luís Montenegro a dar explicações "o quanto antes".
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