"Hoje, está à vista de todos a falta que a CDU fez e faz na Assembleia Legislativa regional", afirmou, para logo realçar: "Foram meses onde faltou a denúncia, onde faltaram as medidas e as propostas ao serviço dos trabalhadores, da juventude e do povo."
Paulo Raimundo falava na sessão de apresentação dos candidatos da Coligação Democrática Unitária (CDU, constituía pelo PCP e o Partido Ecologista Os Verdes) às eleições legislativas regionais antecipadas de 23 de março, que decorreu na sede do Sindicato de Hotelaria da Madeira, no Funchal.
"Sem a CDU, os salários, as pensões, os direitos dos trabalhadores, a chaga da precariedade ficaram à porta da discussão na Assembleia regional", disse, acrescentando que também ficaram sem abordagem parlamentar o direito à habitação, à saúde, ao transporte público, ao ambiente, bem como os direitos das crianças, a pobreza e a denúncia das injustiças.
"Ficaram à porta de uma Assembleia regional que passou meses a discutir o acessório, uma Assembleia que foi transformada, para espanto das populações, numa feira de vaidades e num espaço de confronto e disputas em torno de interesses pessoais", declarou.
O secretário-geral do PCP considerou que agora, a cerca de um mês das eleições, o guião está traçado, indicando que entre as 14 forças políticas concorrentes, uns vão "fazer-se de vítimas e usar todos os meios para fazer chantagem" e outros vão apresentar promessas e cenários eleitorais que "só existem na cabeça deles próprios", garantindo que apenas a CDU fará a diferença.
"O que o povo da Madeira e do Porto Santo precisa é da força e da voz da CDU, da nossa presença, da nossa determinação e da nossa coragem. Uma força que não vacila perante os poderosos nem se cala perante as injustiças", declarou, vincando que a coligação PCP/PEV se destaca pelo "trabalho, honestidade, competência, dignidade e inovação".
A CDU perdeu o único deputado que tinha no parlamento da Madeira, eleito pelo PCP, nas eleições antecipadas de 26 de maio de 2024.
A lista às regionais antecipadas de 23 de março é encabeçada pelo coordenador regional, Edgar Silva, seguindo-se Ricardo Lume, Sílvia Vasconcelos, Maria José Afonseca e Duarte Freitas.
O primeiro candidato do PEV, Marco Fernandes, surge em sexto lugar na lista.
Na apresentação dos candidatos, o secretário-geral do PCP alertou para "a promiscuidade entre os que têm cargos públicos e o grande capital" na região autónoma, vincando que o poder político está "cada vez mais subjugado ao poder económico", de modo que "falta tanto para a maioria", mas, por outro lado, "nunca faltam benesses, nunca faltam favores, nunca faltam negociatas, nunca faltam benefícios" para os grandes grupos.
"Se chegamos ao que chegamos não foi nem por nenhum azar da vida, nem muito menos por castigo que estávamos predestinados a sofrer", disse, argumentando que "há responsáveis, há executantes, há cúmplices".
Paulo Raimundo apontou responsabilidades ao PSD, partido de governa a região desde 1976, e ao CDS-PP, que assinou acordos com os social-democratas nas eleições regionais de 2019, 2023 e 2024, mas também ao PAN, à IL e ao Chega.
"Nós não permitiremos que quem lhes deu a mão (...) se escondam agora e tentem passar entre os intervalos da chuva como se não tivessem nada com eles", avisou.
Em 17 de dezembro, o Governo minoritário do PSD saído das eleições de maio foi derrubado com a aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as diferentes investigações judiciais envolvendo o chefe do executivo e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos. Entretanto, o inquérito de um deles -- Eduardo Jesus, secretário de Economia, Turismo e Cultura - foi arquivado pelo Ministério Público.
A aprovação da moção de censura, inédita no arquipélago, implicou a demissão do Governo Regional, constituído em 06 de junho de 2024, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.
Face a esta situação política, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolveu o parlamento madeirense e convocou eleições regionais antecipadas para 23 de março -- o terceiro sufrágio em cerca de um ano e meio.
Concorrem 14 forças políticas, 12 de partidos isoladamente e duas de coligação, uma de dois partidos, outra de três partidos, nomeadamente CDU, PSD, Livre, Juntos Pelo Povo (JPP), Nova Direita, PAN, a coligação Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
O parlamento da Madeira é constituído por 47 deputados, sendo atualmente 19 do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP (partido que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas), um da IL e um do PAN.
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