"news_bold">"Gostaria de salientar, de forma muito clara, que estou de saída. Regressarei à minha atividade profissional de advogado. Não renuncio à minha cidadania, não renuncio àquilo que posso fazer enquanto cidadão, mas tenho a felicidade de ter a idade, e espero ter a saúde, para fazer outras coisas", sublinhou após a passagem de testemunho à nova presidente do Comité Europeu das Regiões, a húngara Kata Tütto.
Vasco Cordeiro adiantou, contudo, que foi indicado por Portugal para permanecer naquele órgão, pelo que, "pelo menos durante mais algum tempo" manter-se-á como membro do Comité das Regiões Europeu.
Também continuará como deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores "por mais algum tempo".
"Primeiro, porque assumi esse compromisso quando me candidatei nas últimas eleições regionais. Em segundo lugar, é isso que me dá a legitimidade para ser membro do Comité das Regiões", explicou.
O deputado socialista escusou-se a dizer se irá levar o seu mandato até ao fim, afirmando que planeia sair da vida política, mas não quer "estar a alimentar qualquer tipo de cenário relativamente ao qual depois possa ser considerado em falta".
O antigo presidente do Comité das Regiões Europeu disse que tem outros desafios profissionais, nomeadamente um "conjunto de novos projetos e de novas exigências", o que "também é algo particularmente aliciante".
Por isso, "esta é já uma fase de saída desta participação política ativa a este nível".
"Há muita forma de participarmos politicamente. Julgo que já dei um contributo à minha região, ao meu país, nomeadamente nas funções que desempenhei ao longo do tempo em que tive uma participação política ativa. É tempo de outros também terem aquilo que, para mim, foi um verdadeiro privilégio e uma oportunidade. Portanto, estou concentrado em concluir as funções que tenho pela frente e tenho o desafio profissional, que é a profissão de advogado, à qual já voltei", reforçou.
Sobre a nova presidente do Comité das Regiões Europeu, Vasco Cordeiro destacou o facto de ser a segunda mulher a liderar este órgão, "curiosamente também do Partido Socialista".
"A primeira foi Mercedes Bresso, de Itália. Julgo que [Kata Tütto] tem todas as condições para estar à altura daqueles que são os grandes desafios que este mandato traz, uma nova política de coesão a ser definida durante este ano e um novo orçamento para a União", apontou.
O antigo presidente destacou ainda "outros assuntos que continuam na ordem do dia", como "as questões relativas ao alargamento e relativas à situação da Ucrânia, e aquilo que tem a ver com a transição digital e climática".
Em jeito de balanço, Vasco Cordeiro destacou a "atenção, a perspetiva e o realçar da importância da política de coesão, que é, em muitos casos, mal percebida" para a qual contribuiu.
"Para alguns é uma política de caridade para os países mais pobres. Isso não é verdade. Todas as regiões, desde os poderosos estados federados alemães até outras regiões mais frágeis, têm acesso à política de coesão", elencou.
A política de coesão como a outra face da moeda do mercado único foi também um aspeto que marcou a sua presidência. "Se mexer uma está a afetar a outra. Há uma consciência crescente de que não é possível, pura e simplesmente, transformar, mudar radicalmente a política de coesão sem isso afetar outras áreas. Portanto, se o mercado único quer ter futuro, tem que atender também à questão da coesão", apontou.
Afirmando que deu o seu "pequeno contributo" para uma "Europa mais forte e mais justa", garantiu que fez "o máximo que podia, para servir esta causa e servir os objetivos que nortearam" a sua presidência.
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