"A menos que o primeiro-ministro esteja confortável em ser o novo José Sócrates da política portuguesa, só há um caminho para Montenegro sair disto com o mínimo de credibilidade e integridade. Deve apresentar hoje a demissão ao Presidente da República ou uma moção de confiança no parlamento", escreveu André Ventura na rede social X.
A menos que o primeiro-ministro esteja confortável em ser o novo José Sócrates da política portuguesa, só há um caminho para Montenegro sair disto com o mínimo de credibilidade e integridade. Deve apresentar hoje a demissão ao Presidente da República ou uma moção de confiança no… pic.twitter.com/iEwVTy9Xov
— André Ventura (@AndreCVentura) February 28, 2025
Em declarações aos jornalistas no parlamento, o presidente do Chega defendeu que é "absolutamente ilegal e absolutamente insustentável" que a empresa familiar do primeiro-ministro esteja "a receber dinheiro de empresas privadas", acrescentando que Luís Montenegro não se encontra, neste momento, "numa posição sustentável de liderar o país sob uma suspeita de conluio e de recebimentos indevidos".
André Ventura afirmou que Luís Montenegro teve oportunidade de extinguir a empresa quando se tornou líder do PSD ou primeiro-ministro e defendeu que agora o "mal já está feito", pelo que cessar agora a atividade da Spinumviva não resolverá a questão.
Ventura acrescentou, em concordância com as declarações do líder da IL feitas esta manhã, que o primeiro-ministro tem que escolher entre as suas funções governativas ou a empresa.
O líder do Chega argumentou também que o seu partido fica com o "prémio de consciência" por ter chamado a "atenção para a gravidade" da questão, mas reconheceu o fez, num primeiro momento, "pelo ângulo errado".
"Eu reconheço que num primeiro momento, o ângulo em que o Chega apontou e sustentou a sua moção de censura não era o ângulo mais efetivo. Foi responsabilidade minha, eu assumo, mas era a informação que tínhamos ao momento, e nós não andamos à procura de nenhuma outra informação que não aquela que é a do espaço público", acrescentou.
Ventura disse também que "se fosse hoje o foco da moção de censura seria um primeiro-ministro que está a receber dinheiro mensalmente de empresas privadas".
O líder do Chega desafiou ainda o Partido Socialista a responder se mantém ou não a confiança em Luís Montenegro e questionou os socialistas sobre o que farão se o primeiro-ministro "optar por se esconder e não dar nenhum esclarecimento".
O grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, revelou ao semanário Expresso que paga à empresa detida pela mulher e os filhos do primeiro-ministro, Spinumviva, uma avença mensal de 4500 euros desde julho de 2021, por "serviços especializados de 'compliance' e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".
O acordo entre a Spinumviva e a Solverde foi assinado seis meses após a constituição da empresa agora detida pela mulher e os filhos de Montenegro, em Julho de 2021.
De acordo com o Expresso, Luís Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022, representando o grupo nas negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve.
Esse contrato de concessão chega ao fim em dezembro deste ano e haverá uma nova negociação com o Estado, acrescenta o semanário.
No debate da moção de censura ao Governo, no parlamento, há uma semana, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, questionou o primeiro-ministro sobre a sua relação com o grupo Solverde.
Montenegro respondeu que "não é preciso qualquer conflito de interesses que possa dimanar de uma relação profissional ou contratual" e que, sendo "amigo pessoal dos acionistas dessa empresa", impor-se-á "inibição total de intervir em qualquer decisão" que respeite aquela empresa ou a outras com que "estiver ligado por relações familiares, de amizade ou razões profissionais".
[Notícia atualizada às 12h28]
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