Quase dez anos depois da sua estreia em eleições regionais, em 2015, quando Miguel Albuquerque (PSD) foi eleito pela primeira vez presidente do Governo Regional, o JPP tornou-se a segunda força política com mais deputados no parlamento madeirense.
Antes das eleições, Élvio Sousa assumiu como meta alcançar 33 mil votos e tem vindo a assegurar repetidamente que o partido "está pronto" e capacitado para ser governo.
Ainda no domingo à noite, reagindo aos resultados eleitorais provisórios, admitiu o cenário de um governo alternativo, embora não seja provável.
O PSD venceu sem maioria absoluta, elegendo 23 dos 24 deputados necessários, e o PS passou a ser a terceira força política, com oito eleitos. O Chega elegeu três deputados, o CDS-PP um e a IL um.
Élvio Sousa, que faz ginásio e corrida ao ar livre com regularidade, disse recentemente que "viu nas estrelas" que ia ser presidente do Governo Regional.
Arqueólogo de profissão e doutorado, é também licenciado em História e mestre em História Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, investigador do Centro de História de Aquém e de Além-Mar, da Universidade Nova de Lisboa, e está ligado ao projeto do Núcleo Histórico do Solar do Ribeirinho, em Machico.
Nascido em 19 de abril de 1973 (51 anos), Élvio Sousa foi, juntamente com o seu irmão Filipe Sousa, um dos fundadores, em 2008, de um grupo de eleitores designado Pelo Povo de Gaula, no concelho de Santa Cruz, que no ano seguinte passou a ser movimento de cidadãos Juntos Pelo Povo.
O agora líder da oposição madeirense começou na vida política regional ao ser eleito presidente da Junta de Freguesia de Gaula, em 2009.
Em 2013, o JPP ganhou a Câmara de Santa Cruz, afastando o PSD da liderança autárquica que detinha desde 1976. Dois anos depois, em 2015, tornou-se partido político e estreou-se em eleições regionais, tendo sido a grande surpresa da noite ao eleger cinco deputados.
Líder parlamentar do JPP na Assembleia Legislativa da Madeira, Élvio Sousa nunca militou noutro partido e foi sucessivamente eleito nos sufrágios de 2019, 2023 e 2024, assumindo que o JPP tem um "papel fiscalizador" da atuação do Governo Regional do PSD.
Nas eleições de 2019, o grupo parlamentar do JPP ficou reduzido a três elementos, mas passados quatro anos, nas regionais de 2023, recuperou os dois lugares perdidos, voltando a ter uma bancada com cinco deputados.
Nas regionais antecipadas de maio de 2024, o JPP reforçou a votação e obteve o seu melhor resultado até aquele momento, assegurando nove lugares, num universo de 47 no hemiciclo do parlamento madeirense, e tornando-se na terceira força partidária mais votada, depois de PSD (19 deputados) e PS (11 deputados).
Após o sufrágio, o PS e o JPP apresentaram uma solução de governo conjunta ao representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto.
O juiz conselheiro não acolheu a solução, uma vez que os dois partidos somavam 20 deputados, aquém dos 24 necessários para a maioria absoluta, e indigitou Miguel Albuquerque como presidente do executivo, o vencedor do sufrágio, ainda que sem maioria.
Élvio Sousa acorda sempre por volta das cinco da manhã, faz praia todo o ano e quando não está nas lides partidárias e de contacto com a população gosta de aproveitar para estar com a família.
Casado, pai de duas filhas, gosta também de ler livros de filosofia e poesia, que lhe servem de inspiração para muitas das suas intervenções políticas, não deixando de parte os livros técnicos.
Ainda no domingo de manhã, depois de exercer o voto, apelou aos eleitores para "que não fiquem em casa" e citou o filósofo Jean-Paul Sartre para notar que "a ação do voto" contribui para melhorar o mundo.
Já à noite, depois de conhecidos os resultados, citou o Papa Francisco, dizendo: "Deus não põe a esperança nos grandes e poderosos, mas nos pequenos e esperançosos".
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