O antigo ministro da Administração Interna de Guterres e da Defesa de José Sócrates analisa, em entrevista ao Jornal de Negócios, a actual situação económica, política e social do País e relembra as suas experiências governativas.
Assumindo-se como uma pessoa de esquerda, Nuno Severiano Teixeira considera que neste momento “os partidos e o Governo têm de colocar o interesse nacional acima do partidário”, apesar de reconhecer que “a partir da TSU (Taxa Social Única), o consenso político foi visivelmente quebrado”.
Mas porque “também estamos a falar em consequências sociais” é preciso “bom senso da parte do Governo e da oposição”, afirma o antigo ministro, sublinhando que “o Governo não pode condicionar o debate como tem condicionado e a oposição não pode fugir dele”.
Questionado sobre a estratégica seguida pelo Executivo, Nuno Severiano Teixeira defende que “a austeridade é necessária mas não suficiente”, acrescentando que “em excesso tem um efeito recessivo (…)” que “não só aniquila o crescimento económico como também não serve o objectivo de consolidar as finanças públicas”.
Neste sentido, e por considerar que “Portugal fez todos os sacrifícios”, o professor universitário entende que o Governo “tem autoridade moral e politica para dizer à troika: ‘fizemos o que estava no memorando e ainda mais, mesmo assim não está a resultar. A responsabilidade não é só nossa, também é vossa”, por isso “vamos renegociar o memorando”.
Sobre a sua experiência na governação, Nuno Severiano Teixeira faz “um balanço positivo” mas, em tom de brincadeira, reconhece que está “muito contente na universidade”.
Para a universidade, em Paris, foi o antigo primeiro-ministro José Sócrates, cuja reputação em Portugal não é a melhor. Ainda assim, na opinião de Severiano Teixeira “ a história vai mudar essa visão e far-lhe-á justiça”.