Marcelo escuda-se em "estratégia de afetos" numa campanha sem ideias

O candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa acusou hoje o também candidato Marcelo Rebelo de Sousa de usar uma "estratégia de afetos" numa campanha sem ideias e compromissos, um "sinal preocupante" para a democracia e qualidade do debate democrático.

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Lusa
17/01/2016 16:15 ‧ 17/01/2016 por Lusa

Política

Sampaio da Nóvoa

"Não podemos votar num candidato que agora não tem ideias nem assume compromissos escusando-se atrás numa estratégia apenas de afetos", advertiu Nóvoa, numa referência implícita a Marcelo, num almoço-comício em Lisboa perante mais de 1500 apoiantes.

E garantiu que a sua candidatura "é a única que pode promover estabilidade, cooperação e solidariedade" no país, ao passo que a falta de ideias e compromissos do candidato recomendado por PSD e CDS-PP "desvaloriza as eleições e o papel do Presidente".

Num discurso de cerca de 25 minutos, o antigo reitor apontou diversas críticas a Marcelo mas também não esqueceu o ainda chefe de Estado, Cavaco Silva: "Quando foi preciso defender a Constituição, não foi com o Presidente da República que contámos", realçou Sampaio da Nóvoa.

O "tempo novo" recorrentemente utilizado pelo minhoto, referindo-se aos acordos parlamentares do PS com partidos habitualmente fora da esfera do poder, casos de PCP e BE, foram lembrados na intervenção desta tarde, ao mesmo tempo que Marcelo Rebelo de Sousa foi acusado de não se ter preocupado, por exemplo, com medidas "claramente contra a Constituição" do anterior executivo PSD/CDS-PP.

"Quando foi preciso defender a Constituição e os salários e pensões, o candidato que agora se diz moderado dizia que isso não lembrava ao careca. Lembrou, e ainda bem que lembrou", declarou, perante aplausos da plateia.

E continuou: "Numa República tem de haver sempre uma hipótese de renovação. Uma política em circuito fechado não nos serve, não serve a nenhum de nós", frisou, garantindo que "todos" os cidadãos são "soldados rasos", numa alusão a um debate com o candidato recomendado por sociais-democratas e centristas, que acusou Nóvoa de querer passar de soldado raso, sem cargos políticos, a general, numa alusão à Presidência da República.

"Somos uma República, e numa República não há entronizados à partida", ressalvou.

E concretizou: "Não nos conseguirão excluir da nossa vida política, do nosso compromisso com a República, da nossa responsabilidade republicana".

Mas os ataques a Marcelo não ficaram por aqui, com o antigo reitor a criticar a defesa de Marcelo de "ataques à escola pública, saúde e Estado social" do anterior executivo liderado por Pedro Passos Coelho, líder do PSD.

O aspirante a Belém advogou que está nas eleições para ganhar, para "trazer o civismo contra o cinismo", e asseverou que no próximo domingo, dia do sufrágio, estará com a "mesma energia e vitalidade" de hoje pronto para a segunda volta onde, acredita, irá chegar.

A nível político, era esperada na sessão de hoje presença de Jorge Sampaio, que iria intervir mas por motivos de saúde deixou apenas registada uma mensagem em vídeo, ao contrário de Ramalho Eanes, que regressou hoje à campanha de Nóvoa, embora não discursando no repasto.

Entre os que compareceram ao almoço-comício estiveram também várias figuras da área socialista, o antigo eurodeputado e fundador do partido Livre Rui Tavares, o antigo secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, o antigo ministro da cultura do PS José António Pinto Ribeiro, a escritora e jornalista Pilar del Rio, o sociólogo Alfredo Bruto da Costa, o ensaísta Eduardo Lourenço, o cineasta António Pedro Vasconcelos e o músico Júlio Pereira, entre outros.

Alguns destes nomes são também mandatários nacionais das causas de António Sampaio da Nóvoa na corrida a Belém.

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