Numa conferência de imprensa, em Lisboa, o presidente da IL Rui Rocha responsabilizou o Governo pela "falta de informação" sobre a operação policial de ontem no Martim Moniz, em Lisboa e criticou o primeiro-ministro Luís Montenegro, afirmando que "às vezes fica até a dúvida se é diretor de uma polícia" ou se "já substituiu a ministra da Administração Interna".
Para o líder dos liberais, a falta de informação detalhada sobre a operação policial abre a porta para dois cenários: "havia denúncia, indícios, ameaças à segurança dos cidadãos que justificaram aquela ação" ou não havia qualquer indício de perigo e esta operação não passou de uma "mera ação de propaganda ou manobra de diversão".
"Eu não quero cidadãos, sejam eles quem forem, sujeitos a excessos policiais. Eu quero segurança em Portugal. A segurança é fundamental para termos liberdade. Mas quero uma segurança proporcional. Não quero forças policiais instrumentalizadas e como instrumentos de ações de propaganda do Governo. Eu coloco as duas possibilidades sobre a mesa, e aquilo que exijo é esclarecimentos adicionais do Governo para poder ter uma opinião definitiva sobre aquilo que aconteceu", apelou.
Perante os resultados da operação, Rui Rocha afirmou que, se não se vierem a conhecer mais informações, houve "uma desproporção entre os meios e os resultados" na atuação policial.
O líder liberal considerou os resultados da operação - duas pessoas detidas e apreensões de dinheiro, uma arma e artigos contrafeitos - "escassos face a uma ação policial com tantos meios" e apelou a uma intervenção das forças de segurança que não ponha em casua direitos, liberdades e garantias.
Uma operação policial na quinta-feira, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.
O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
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