"Certos nacionalismos estão novamente a enraizar-se e tomar voz e, no centro moderado, começam a aparecer políticos que em desespero, com medo do que esses radicalismos de esquerda e de direita possam promover substituem o seu discurso moderado, realista por outro mais radical, com medo de deixar a demagogia e o radicalismo triunfarem à sua esquerda ou à sua direita", afirmou o presidente social-democrata no encerramento da Universidade de Verão do PSD, que decorreu desde segunda-feira em Castelo de Vide.
Sublinhando que julga que "no PSD essas tentações não existem", Passos Coelho alertou que "quem diz aquilo em que não acredita por conveniência tática, quem se quer apresentar como quem não é para impedir o radicalismo acaba sempre por morrer às mãos do radicalismo e da demagogia".
Depois de um discurso centrado nas críticas ao Governo, na parte final da sua intervenção Passos Coelho falou ainda da Europa, reconhecendo que a União Europeia não será a mesma depois da saída do Reino Unido.
Contudo, defendeu, é preciso recusar a visão "radical" de que Portugal também deve sair e a ideia de que a Europa é a fonte do mal.
Recorrendo ao exemplo grego, o líder do PSD aconselhou aqueles que têm dúvidas a olhar para o que aconteceu na Grécia e a Alexis Tsipras.
"Quando faltou dinheiro na caixa multibanco, Tsipras assinou o terceiro resgate", recordou, sublinhando que o primeiro-ministro grego percebeu que, saindo da Europa, o que esperava os gregos era "o caos, a anarquia e o desastre".
"Se a Grécia não saiu do euro e da União Europeia pela mão de uma força política como o Syriza, não vale a pena perder mais tempo com esse radicalismo de pensar que a Europa é a fonte de todos os problemas", advogou.
Por isso, salientou, é preciso acabar com a ideia que a Europa do Sul tem de se organizar "para bater o pé" à Europa do Norte, porque "não é fazendo estas divisões que a Europa vai progredir".