Em declarações à Lusa, após reunir com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a deputada do PCP Carla Cruz, eleita pelo círculo de Braga, considerou ainda "inaceitável" que a Parceria Publico Privada (PPP) através da qual o Grupo Mello gere o Hospital de Braga gere lucros e não pague horas extraordinárias aos enfermeiros e os mantenha com contratos precários.
Carla Cruz denunciou ainda a existência de "pressões e chantagens" sobre aqueles profissionais de saúde que cumprem uma jornada de luta de quatro dias de greve (29 e 30 de setembro, hoje e terça-feira), em reivindicação da semana de trabalho de 35 horas para todos os enfermeiros, pagamento das horas extraordinárias em atraso e pela contratação de mais profissionais.
"A PPP está a desrespeitar a lei em vários sentidos, ao não pagar o salário base estipulado aos enfermeiros, cerca de 1.200 euros, pagando apenas cerca de 1008, ao discriminar trabalhadores na atribuição de prémios por considerar que quem esteve por baixa de maternidade, gravidez de alto risco ou acidentes de trabalho não cumpriu o critério da assiduidade", enumerou a deputada.
Segundo Carla Cruz, é "inaceitável que uma PPP que dá lucro tenha um número inacreditável de horas extraordinárias por pagar aos enfermeiros e os mantenha a trabalhar com contratos precários".
A deputada afirmou ainda que "a greve dos enfermeiros está a ocorrer em um momento de pressões e chantagem".
Por isso, anunciou, "o PCP vai questionar o Governo com base nestas informações no sentido de garantir os direitos dos trabalhadores, tal como já o fez no passado".
Confrontados pela Lusa com estas acusações, a PPP que gere o Hospital de Braga respondeu, via correio eletrónico, que contínua disponível para negociar com os enfermeiros.
"A administração do Hospital de Braga reitera a sua total disponibilidade para solucionar as questões laborais que preocupam os profissionais de enfermagem, mantendo abertura para construir uma solução conjunta", lê-se.