O atual membro do Conselho e Curador da Virgin Unite US juntou-se à Virgin Galactic, companhia aérea espacial, em 2004, a convite do fundador, Richard Branson, e foi um dos oradores internacionais do Building The Future 2025, que decorreu na quarta-feira em Lisboa.
Questionado sobre o que diria aos empresários e investigadores que estão interessados em desenvolver IA para o mercado do turismo espacial, Stephen Attenborough começou por dizer que "é uma boa altura" para apostar nisso.
"Como empresário, poderia dizer como o espaço pode ajudar o meu negócio ou como posso ajudar o negócio espacial. E o espaço é difícil, é caro, é perigoso e precisa de acontecer mais rapidamente do que está a acontecer neste momento", salienta.
Por isso, "acho que é um mercado perfeito para quem está a começar a trabalhar numa startup de IA, porque o espaço precisa mesmo de IA" e em vários campos, o que inclui o desenvolvimento de melhores materiais, de processos de fabrico de impressão 3D para peças muito complexas de veículos de lançamento e pode ser robótica, "o que significará que os astronautas precisam de não se colocarem tanto em perigo", aponta.
Ou seja, são muitas as aplicações e "penso que a indústria espacial está provavelmente a clamar por pessoas que pensem nas necessidades da exploração espacial e estejam a desenvolver estas ferramentas, estes produtos que podem resolver problemas espaciais específicos".
Na intervenção no evento, Stephen Attenborough defendeu que o espaço é urgente: "Enfrentamos aqui na Terra, alguns desafios extremamente grandes nas próximas décadas".
"Somos demasiado engenhosos como seres humanos para enfrentar qualquer desafio, mas estes são excecionalmente grandes, também estamos equipados de forma única", mas "não existe uma 'bala de prata', não existe um botão [...] que resolva tudo isto, mas acredito que um melhor acesso ao espaço pode ajudar", defende.
O interessante "que está a acontecer neste momento é que estamos numa segunda Era espacial" que é agora dominada por empresas privadas e não por agências governamentais, que estão a construir e a operar uma nova geração de veículos, o que está realmente a transformar o acesso ao espaço, argumenta.
Por isso, "se conseguirmos um melhor acesso ao espaço, poderemos realmente iniciar um novo espaço e todo o seu potencial".
Sobre quando é que as viagens ao espaço serão possíveis para todos, considerou ser uma "ótima pergunta". O mais interessante, prossegue, é que isso já é possível para algumas pessoas e isso "é um grande passo em frente", pelo qual se esperou muitos anos.
Stephen Attenborough faz uma analogia com o início da aviação comercial, em que só quem tinha dinheiro podia usufruir disso.
"As aeronaves eram bastante básicas, mas foram transformadoras em termos de transporte de um lugar para outro. Portanto, estas pessoas estavam dispostas a pagar preços de bilhetes muito elevados para utilizar a nova tecnologia. E porque o fizeram, foram criadas mais empresas, por isso houve concorrência" e os preços gradualmente baixaram.
"Não sei exatamente" como vai ser com os voos espaciais, mas poderá ser semelhante.
Há um conjunto de empresas que estão a oferecer a oportunidade às pessoas de se tornarem astronautas e de terem "aquela experiência fabulosa do espaço comprando apenas um bilhete".
O facto de estas pessoas poderem gastar muito dinheiro nisso "torna estes negócios comercialmente viáveis, aumenta o investimento no setor, veremos o que acontece, mas o meu palpite é que os preços vão baixar".
Sobre se isso vai acontecer nos próximos 15 anos, remata: "Não, acho que será mais rápido que isso".
Atualmente existem três empresas neste ramo: SpaceX, de Elon Musk, Blue Origin, de Jeff Bezos, e a Virgin Galactic, de Richard Branson.
"Curiosamente, todos começaram na mesma altura, no início do século. E pelo menos no que diz respeito à Blue Origin e à Virgin Galactic, passaram nove dias entre o primeiro voo em que voou Jeff Bezos e Richard Branson", mas foi um projeto de 15 a 20 anos.
Portanto, "foi mais lento do que as pessoas esperavam quando estas empresas começaram, e as empresas incluídas, mas a minha sensação é que agora que atingimos este marco realmente difícil, as coisas vão acelerar e talvez surpreender as pessoas de outra forma", considera.
Depois da conquista do mundo, é a vez do espaço, porque "precisamos de um melhor acesso ao espaço porque há todo o tipo de coisas que podemos fazer lá", sublinha.
"A entusiasmante conjunção da IA com o espaço significa que podemos fazê-lo melhor", "mais rapidamente" e "com mais segurança".
Por exemplo, "talvez decidamos que, na verdade, muitos dos nossos processos de produção que ocorrem aqui na Terra, e há um preço ambiental para esses processos, possam ocorrer no espaço".
No caso do consumo de energia exigido pelos servidores de dados para a IA - 3% da produção elétrica nos EUA é usada pelos centros de dados -, este pode duplicar ou triplicar.
"Acho que um dos sonhos" é no futuro poder colocar esses centros de dados no espaço para que fiquem em órbita e tenham energia solar limpa, exemplifica. "Acredito que a IA vai impulsionar isso".
Questionado que se pudesse pedir um produto específico ou serviço de IA para si, o que seria, Stephen Attenborough refere que há sempre uma fantasia no final da IA.
"Pergunto-me se a IA nos ajudará finalmente a compreender como os animais estão a comunicar. Isso seria incrível. Penso, no entanto, que em termos de espaço, a resposta tem de ser dar-nos uma oportunidade muito maior, não de sermos outra vida no universo, mas de encontrarmos outra vida no universo", sublinha.
A IA "está provavelmente perfeitamente posicionada para nos ajudar a identificar muito rapidamente e, potencialmente, com grande precisão, locais onde deveríamos começar a procurar com mais precisão provas de vida humana. Por conseguinte, penso que há uma boa probabilidade de que o que poderia ter demorado séculos ou nunca ter acontecido possa realmente acontecer num período de tempo muito mais curto", espera.
Para Stephen Attenborough, "o futuro é agora, o futuro é o espaço".
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