"Desde 2020 que não temos uma edição 'normal', a última edição foi 'online'. Este ano, na quinta edição, voltamos ao Porto. [...] A cada ano temos um país em foco, e este ano é Montenegro. Temos também um foco especial com a Ucrânia, porque a situação da invasão afetou muitos colegas do nosso festival", diz à Lusa o diretor, Radu Sticlea.
A programação completa inclui 28 curtas e médias-metragens na competição oficial, com "aposta em novos trabalhos de realizadores emergentes", entre ficção, documentário e cinema experimental.
Fora da competição, a organização terá um foco no Montenegro, com 18 filmes, entre eles a obra de abertura do evento, "A Elegia de Laurel", de Dusan Kasalica, em estreia nacional.
"O filme de abertura é um exemplo muito interessante do cinema de Leste, de cineastas emergentes. É mais experimental, tem uma influência balcânica muito grande. É uma fantasia. Isto define muitos pontos do festival. Temos filmes que representam esta ideia selvagem, o nosso lema é o 'wild wild east'", refere Radu Sticlea.
O regresso à sala em formato presencial traz também "muito mais convidados vindos de fora do país, de cineastas estrangeiros a uma equipa mais internacional", que vem "de todos os lados da Europa de Leste".
No foco no Montenegro, um "país muito recente", desde a independência, em 2006, há um trabalho que vem de 2020, em conjunto com o Montenegro Film Centre, e que visa mostrar "uma nova onda de realizadores" montenegrinos.
"Estão a tentar ter uma identidade no seu cinema. [...] Não há tanta atenção a este país como outros do Leste. Este é o mais abrangente programa de filmes montenegrinos já exibido fora do país. Os filmes estarão legendados em inglês, o que depois pode ser usado em futuras exibições, e também em português. É importante para nós ajudarmos a internacionalização do cinema de Montenegro", comenta o diretor do festival.
A Ucrânia será foco de um "programa especial", como homenagem ao país dada a invasão do seu território, movida pela Rússia, com o "Highlight Ukraine!", composta por "seis cineastas ucranianos talentosos e emergentes" e uma seleção do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Kiev, bem como "Stop-Zemlia", de Kateryna Gornostai, premiado com o Urso de Cristal no festival de cinema de Berlim em 2021, da autoria de uma realizadora que foi destacada na edição de 2018 do Beast.
"No 'Stop-Zemlia', fala-se sobre a geração jovem, a 'gen Z', e a realizadora usa um tipo de docu-ficção. É uma boa imagem da nova geração no país e no Leste em geral. No final, todas as pessoas que vivem no Leste, nasceram no Leste, têm algo em comum, há esta história política, mas também a geografia. Veem-se os mesmos padrões", descreve Radu Sticlea.
País em foco no festival já em 2018, há um "programa especial" este ano dedicado à Ucrânia, que traz filmes com os "temas sociais" daquele país à tona, de mulheres institucionalizadas em Odessa ao crescimento da geração Z, nascida no final da década de 1990, passando por questões políticas, geográficas e económicas.
Em março, a Okna, que organiza o festival, promoveu um evento solidário, para apoio humanitário para os afetados pela guerra naquele país, e fez também uma parceria com a RTP, para exibição de filmes.
"Sentimos que foi uma responsabilidade de promover cineastas e tentar ajudar os cineastas ucranianos. [...] Tudo começou em março, começamos a ter uma relação mais próxima com o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Kiev, a colaborar mais para tentar incluir mais cineastas ucranianos no festival", afirma o diretor.
Entre outras novidades deste ano está um ciclo dedicado a "representações visuais 'queer' da Europa de Leste na história moderna" e uma secção dedicada a "explorar o conceito de 'lugar'".
Além dos filmes, o festival contará com oficinas, exposições e conversas na programação.
Organizado pela associação cultural Okna, em parceria com a Câmara do Porto, o Beast vai ter sessões no Passos Manuel, no Cinema Trindade, na Casa das Artes, no Espaço Okna e na Livraria Térmita.
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