A polícia alemã anunciou, esta sexta-feira, ter aberto uma investigação ao co-fundador dos Pink Floyd, Roger Waters, após este ter usado um uniforme de estilo nazi no palco da Mercedes-Benz Arena, em Berlim.
"Estamos a investigar uma suspeita de incitamento ao ódio público porque as roupas usadas no palco podem ser utilizadas para glorificar ou justificar o regime nazi, perturbando a ordem pública", disse à AFP o porta-voz da polícia de Berlim, Martin Halweg.
As imagens divulgadas nas redes sociais mostram o britânico, de 79 anos, a usar um longo casaco preto com braçadeiras vermelhas, durante um concerto no dia 17 de maio. Tinha também um emblema que fazia lembrar um suástica.
O traje "é considerado capaz de violar a dignidade das vítimas, bem como aprovar, glorificar ou justificar o domínio violento e arbitrário do regime nazi de uma forma que perturba a paz pública", disse ainda um porta-voz da polícia.
O Ministério Público irá decidir se o cantor britânico será processado ou não. Recorde-se que os símbolos, bandeiras e uniformes nazis são proibidos na Alemanha.
Und das gilt in Deutschland als „Kunstfreiheit“: pic.twitter.com/sCAmYH9vZ2
— Aras-Nathan (@Aras_Nathan) May 25, 2023
Em setembro de 2022, o músico, autor de algumas das letras mais conhecidas dos Pink Floyd, escreveu uma carta aberta à primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska, na qual culpou "nacionalistas extremistas" ucranianos por "conduzirem o país rumo a esta desastrosa guerra".
Waters também criticou o apoio do Ocidente à Ucrânia sob a forma de armas, manifestando a sua corrente pacifista e pedindo que Kyiv cedesse em prol do diálogo e da paz.
Waters é ainda um conhecido apoiante do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que promove o boicote económico, político, académico e cultural ao regime israelita, devido à ocupação ilegal dos territórios da Palestina.
Em concertos no Brasil, o músico atacou Jair Bolsonaro pela sua mensagem populista e homofóbica, antes das eleições brasileiras de 2018; e, mais tarde, criticou a realização de um concerto que pretendia recolher fundos para os venezuelanos, atacando os Estados Unidos de quererem manchar a imagem do regime de Maduro (que, na altura, tinha acabado de executar manifestantes em Caracas).
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