'Livrar-me' é uma criação de Sandra Barata Belo e Raquel Oliveira, com música inédita de Luísa Sobral e texto de Ana Lázaro, que se estreia no próximo dia 31, no Teatro Meridional, em Lisboa, que acolhe esta produção até 18 de fevereiro.
Em declarações à agência Lusa, Ana Lázaro disse que o texto resultou de um desafio que lhe foi colocado por Sandra Barata Belo, "que já tinha umas premissas muito claras do que gostava de tratar".
A atriz "gostava muito de abordar uma narrativa com uma mãe e uma filha que estivessem, de alguma forma, em dimensões diferentes, em universos diferentes", observou.
E pretendia que a história "crescesse da linguagem dos livros", da hipótese de estes serem "esse lugar infinito onde encontramos as narrativas da nossa própria vida", acrescentou.
A partir daí, Ana Lázaro começou a montar uma história, "não no sentido linear, nem cronológico de uma narrativa com princípio, meio e fim".
Criou antes "uma espécie de narrativa que pudesse ser mais como aquelas escadas [imaginárias do artista gráfico holandês] M. C. Escher , que (...) atravessam dimensões e não obedecem às leis nem da física, nem daquilo que seria a geometria normal".
Por isso, em 'Livrar-me' muitas vezes não se percebe bem "se é esta mãe que está a inventar esta filha, se é a filha que está a inventar a mãe", porque "muitas narrativas, muitos universos e muitas possibilidades se sobrepõem na peça", disse a autora à Lusa.
É um "bocadinho como nos livros" que nos põem "a ir, a viajar para diversos sentidos: nenhum deles é verdadeiro, nenhum deles é mentira", comparou Ana Lázaro.
A peça, além de uma "homenagem à literatura e aos escritores", é também um percurso por obras de autores como Afonso Cruz, Mia Couto, Clarice Lispector, Jorge Luis Borges e Stefan Zweig, entre muitos outros.
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