Duarte respeita "legado" do fado mas acrescenta-lhe algo de seu

O cantautor Duarte, a quem cabe arrancar com a programação do Festival Músicas do Mundo, esta noite, em Porto Covo, no Alentejo, assume o fado como a sua "matriz de construção", respeitando "o legado", mas acrescentando-lhe algo de seu.

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© Facebook/ Duarte

Lusa
20/07/2024 19:50 ‧ 20/07/2024 por Lusa

Cultura

Músicas do Mundo

"Não tenho vergonha nem medo em assumir a minha condição [de fadista], embora receba e articule, na minha construção artística, com outras áreas musicais e com outras musicalidades", disse, em entrevista à Lusa, no Largo Marquês de Pombal, na aldeia de Porto Covo, no município de Sines.

 

"A minha linguagem, a minha matriz de construção, as minhas raízes, os meus alicerces são o fado", assinalou, quando já se começavam a ouvir os primeiros acordes dos testes de som no palco que receberá três atuações de acesso livre e gratuito (a seguir a Duarte, às 21:30, tocará Samba Touré, do Mali, às 22:45, e Lívia Mattos, do Brasil, às 24:00).

O que Duarte tem tentado acrescentar ao fado nota-se sobretudo "ao nível da linguagem" -- caso de "Estado Limite", o single de antecipação do álbum planeado para sair depois do verão de 2024 -- e também da experiência profissional como "analista de relações", enquanto psicólogo clínico.

"Estou sempre a trabalhar sobre a mesma matéria-prima, que são as histórias de vida. Na psicologia, estou a analisá-las, estou a tratá-las clinicamente e, nos fados, estou a sublimá-las, estou a contar, estou a partilhar essas histórias com os outros", explica.

O seu projeto musical procura "trazer isso para essa obra arquitetónica de preservação do clássico [o fado], mas com acrescento do moderno", resume.

Duarte tenta "não pensar muito no assunto" de que vai abrir as atuações da 24.ª edição do FMM, que decorre até dia 22 em Porto Covo, migrando depois para Sines, até 27.

Mas confessa que, se pensar "racionalmente", sente "o peso" do FMM, organizado pela Câmara Municipal de Sines.

"É um festival que tem um conceito de globalização em que acredito e é bom quando conseguimos (...) com a nossa música fazer parte desse todo, que é o festival de músicas do mundo", considera.

Confessando que já estava "à espera" do convite "há alguns aninhos", reconhece que, "se calhar, até foi bom ser agora", no ano em que passam duas décadas "de caminho" musical, iniciado com o álbum "Fados Meus" (2004).

"Já passaram muitos anos de viagens lá para fora e de muitos concertos importantes lá fora", recorda, esperando que o convite para o FMM signifique que vai "tocar mais em Portugal".

 

SBR // MLL

Lusa/fim

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