"Quando estava a trabalhar nas cenas iniciais o tom era vocalmente muito atlético para mim e lesionei-me, tive de ficar em silêncio durante três meses", disse a atriz numa conferência de lançamento do filme. "Aprendi uma lição importante de prestar atenção aos meus limites".
Lupita Nyong'o encarna a protagonista de 'Robot Selvagem', o robô humanoide Rozzum 7134, que passa a ser abreviado para 'Roz'. A atriz de 'Wakanda Para Sempre' inspirou-se em vozes de Inteligência Artificial como Siri e Alexa para conceber um tom de "otimismo programado" que acaba por evoluir no filme.
"Se pensarmos nisto ao nível filosófico, uma das coisas que torna os robôs e a IA diferentes dos humanos é o facto de não terem emoção", disse a atriz, numa exibição antecipada em Los Angeles. "Aqui estamos a contar uma história sobre um robô que começa com uma estrutura muito sofisticada e uma mentalidade programada e devido às exigências da natureza tem de se adaptar a um sentido de existência mais orgânico".
No final, este ser artificial consegue comover a audiência e parece ter desenvolvido algo similar a emoção, embora não o seja realmente.
O criador e realizador Chris Sanders, que adaptou a história a partir do livro com o mesmo título de Peter Brown, referiu na conferência que a ideia central é que mais cedo ou mais tarde teremos de mudar a nossa programação para chegar a algum lado.
"Somos criaturas de hábitos e detestamos mudanças", afirmou Sanders. "Às vezes temos medo de que se mudarmos a nossa programação vamos perder-nos e isso não é verdade. Vamos tornar-nos mais dimensionais".
Sanders, conhecido por 'Como Treinares o Teu Dragão', explicou que a equipa decidiu não dar animação à cara do robô Roz, salvo os olhos, e que tudo estaria baseado na interpretação de voz.
Houve também um esforço para tornar o ambiente o mais inóspito possível para este robô da cidade, que cai numa ilha selvagem após um acidente com o avião que transportava as caixas.
"Ela anda pela floresta quase a fazer publicidade, à procura de quem a comprou", disse Sanders.
Outro dos temas do filme é o poder da bondade num contexto de sobrevivência em que todos se podem tornar presas.
"Gosto da mensagem de que a bondade é uma força", disse Lupita Nyong'o na conferência. "Às vezes pensamos em bondade como uma vulnerabilidade e neste filme a jornada da Roz mostra que é uma força a ter em conta".
Há também na história uma exploração da parentalidade, dos sacrifícios que os pais fazem pelos filhos e do sentimento agridoce que é vê-los crescerem e um dia irem embora. Kris Bowers, que compôs a banda sonora, inspirou-se no facto de ter sido pai há pouco tempo para criar a música do filme.
Para ele, é também uma mensagem subjacente. "É um agradecimento às pessoas que se sacrificaram por nós, para que nos lembremos disso", afirmou. "Quer sejam as nossas mães ou quem teve esse papel, fazem tanto por nós, para que sejamos bem-sucedidos neste mundo. É bom lembrar-nos disso e de agradecer".
Com Pedro Pascual a dar a voz a Fink, a raposa matreira que no final se redime, e Kit Connor a interpretar Brightbill, o pequeno ganso de quem a robô Roz cuida, "Robot Selvagem" é uma das maiores apostas de animação de Hollywood para 2024.
A versão portuguesa é protagonizada por Mafalda Luís de Castro, Miguel Raposo e Martim Oliveira.
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