Organizado pela Madrasta Dance, associação cultural que desenvolve projetos na área da "dança contemporânea e cruzamento disciplinar, com foco na música experimental e no vídeo", o evento vai contar ao longo dos quatro dias com a exibição de filmes em torno da dança e uma forte componente na formação de públicos, num festival que é dedicado ao "diálogo entre a imagem em movimento e o corpo que dança".
Em declarações à Lusa, Clara Marchana, da organização, destacou atividades como o Cinedança Escolas, com "sessões de filmes de dança para as Escolas de Ferreira do Zêzere e Tomar, um 'workshop' de videodança para profissionais e público em geral, e sessões de competição no Cineteatro Ivone Silva", em Ferreira do Zêzere.
"Nesta segunda edição vamos encontrar uma seleção de filmes internacionais, igualmente como no ano passado, mas este ano resolvemos fazer as sessões mais curtas e com uma particularidade, que é uma colaboração com o Agrupamento de Escolas dos Templários, em Tomar e o Agrupamento de Escolas de Ferreira do Zêzere, em que vamos ter sessões de videodança e de, digamos, desconstrução e de mediação de públicos", disse a responsável.
O objetivo, frisou, é o de "desenvolvimento de públicos para descobrirem também o que é o videodança, a história, e falarmos sobre cada filme que eles vão ver, podemos abrir conversa e ouvir o que é que eles sentiram, o que perceberam destes filmes, e desconstruir um bocadinho o procedimento e a criação destes. É um bocadinho por aqui", declarou Marchana.
Luís Fernandes, da direção artística e técnica da Madrasta, destacou à Lusa a vertente do "trabalho de desenvolvimento e formação de novos públicos, com a intervenção das escolas em relação aos filmes" em exibição, à sua produção e à forma de dialogar e ocupar o espaço performativo na tela.
Tendo indicado a inscrição de "curtas" produções de "muitos países", Fernandes disse que "a exigência" de participação e de seleção "era, essencialmente, este género híbrido em que o cinema acaba por ser o novo espaço de performance do corpo e da dança... de contar narrativas e de contar histórias a partir desse novo lugar, destes códigos da sétima arte, da videoarte e das artes visuais".
"Nós temos essa ética de qualidade em relação à parte não só da dramaturgia de um corpo representado na câmara, como a parte de coreografar o corpo dentro deste novo espaço performativo da tela. Mas também temos depois partes mais fronteiriças, porque mais híbridas e mais experimentais e vai haver sempre também a parte dos documentários sobre processos", notou o profissional e formador na área da música, vídeo e sonoplastia.
O programa do festival, que representa um investimento na ordem dos 08 mil a 10 mil euros e pode ser consultado na íntegra em https://www.facebook.com/ZezereCinedanca, integra ainda uma exposição de vídeos arquivo da edição anterior e uma instalação de videodança da Companhia Madrasta Dance no espaço de exposições do cineteatro.
Fundada em 2018, em Sintra, a Madrasta Dance é uma companhia de dança contemporânea e cruzamento disciplinar, com foco na música experimental e vídeo, tendo-se mudado de armas e bagagens em 2022 para Ferreira do Zêzere, no interior do país, onde realizou em 2023 a primeira edição do Festival Internacional de Cinedança, e, já em 2024, o Arado - Festival de Dança e Artes Performativas, em programa que privilegiou a criação em paisagem rural.
"A mudança de território puxou-nos para outras direções, novos estímulos, e desse lugar nasceu a necessidade de criar este festival com o intuito de trazer o mundo do cinedança até nós", disse Clara Marchana, tendo indicado o objetivo do evento incluir residências artísticas em edições futuras.
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