Livro e exposição de Jeff Wall inéditos em Portugal chegam ao MAAT

Uma compilação de 13 ensaios do artista visual canadiano Jeff Wall, pela primeira vez traduzidos para português, vai ser lançada este mês pela Orfeu Negro, integrada numa exposição de fotografia, também inédita, a ser inaugurada no MAAT.

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Lusa
11/04/2025 11:15 ‧ há 2 dias por Lusa

Cultura

MAAT

'Jeff Wall - Escritos de Arte' reúne "alguns dos textos mais significativos de uma das maiores figuras contemporâneas das artes visuais" das últimas décadas, escritos entre 1982 e 2010, e organizados por Sérgio Mah, curador e diretor-adjunto do MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.

 

O livro é produzido no âmbito da exposição 'Jeff Wall - Time Stands Still, 1980-2023', organizada pelo MAAT e que vai estar patente de 23 de abril a 01 de setembro.

A obra de Jeff Wall evidencia uma atenção privilegiada a genealogias e modelos de representação visual que marcam a história da cultura ocidental, sendo o seu meio de representação a fotografia.

Contudo, o seu imaginário artístico assenta na exploração das articulações estéticas e conceptuais com os campos da pintura, da literatura, do teatro e do cinema, entendidos como modos correlativos de representação e ficção da realidade, explica Sérgio Mah, no prefácio do livro.

A par da sua prática artística, Jeff Wall tem desenvolvido, desde o início dos anos 1970, uma regular produção escrita de grande relevância crítica e reflexiva.

"São ensaios que evidenciam um amplo conhecimento da história das artes visuais e da filosofia, em particular sobre questões relacionadas com as práticas e ideias em torno da imagem, da pintura até à fotografia", sendo que a maioria dos seus textos incide em temas e momentos significantes da história da arte desde o século XIX, destaca o responsável.

Assim, a escrita de Jeff Wall propõe um diálogo abrangente entre áreas distintas, da pintura ao cinema, da arquitetura à instalação, e ainda com artistas com quem partilha uma visão conceptual da arte, como Ian Wallace, Dan Graham, On Kawara ou Édouard Manet.

Os seus textos refletem sobre influências e transições artísticas, os limites e possibilidades da fotografia ou o papel da arte enquanto campo de reflexão e interpelação cultural, social e política.

Menos frequentes são os textos que incidem explicitamente sobre as suas obras, como é o caso dos três primeiros ensaios escolhidos para esta publicação, em que o autor analisa ideias e momentos significativos da sua produção artística.

O primeiro destes, um dos mais conhecidos do artista, intitula-se 'Gestos' e reflete sobre o gesto na arte, a partir da pintura e do teatro, associado à ideia do gesto fotográfico.

'Sobre fazer paisagens' e 'Quadros de referência' são os dois ensaios que se seguem.

Os restantes dez textos debruçam-se sobre outros artistas e assuntos que foram marcando a sua trajetória teórica e prática.

Entre estes, incluem-se os conhecidos 'Fotografia e inteligência líquida' - que aborda como a fotografia digital muda a natureza da imagem, sendo a "inteligência líquida" uma metáfora para o fluxo constante de dados e manipulações possíveis nas imagens digitais - e ''Sinais de indiferença': aspetos da fotografia na ou como arte conceptual', no qual analisa o uso da fotografia no contexto da arte conceptual dos anos 1960/70 e estabelece uma relação entre indiferença estética e fotografia documental.

'Kammerspiel, de Dan Graham', 'Unidade e fragmentação em Manet', 'O contador de histórias', 'Dentro do bosque: dois esboços para estudos da obra de Rodney Graham', 'La Mélancolie de la rue: idílio e monocromia na obra de Ian Wallace (1967-1982)', 'Monocromia e fotojornalismo nas pinturas 'Today', de On Kawara', 'Representação, objeto, evento' e 'Alguns comentários sobre as alegações a favor e contra a pintura', completam os ensaios reunidos na obra.

Segundo a Orfeu Negro, com este volume, "cumpre-se o duplo objetivo de traduzir escritos nunca traduzidos para português e de reunir, numa mesma publicação, alguns dos mais importantes ensaios de Jeff Wall, que, ao longo das últimas décadas, se tornaram objetos de estudo e de referência no contexto da teoria e crítica de arte".

A par desta publicação, será inaugurada "uma das mais vastas exposições realizadas até hoje" sobre o trabalho de Jeff Wall, "um nome incontornável no panorama internacional das artes visuais das últimas décadas", que "é, também, a primeira exposição individual do artista em Portugal", indica o MAAT, em comunicado.

A exposição reúne mais de 60 obras, que refletem os vários temas que o artista tem privilegiado ao longo da sua carreira: cenas da vida quotidiana, tensões e dramas inerentes às sociedades modernas e contemporâneas, como a solidão, a pobreza, a alienação, a violência urbana, o abandono e a exclusão social.

Nascido em 1946, Jeff Wall é um dos mais influentes artistas visuais dos últimos 40 anos, conhecido pelas suas fotografias encenadas em grande escala, que se assemelham a cenas de filmes ou pinturas.

Jeff Wall recorre frequentemente a grandes caixas de luz ('lightboxes') para exibir as suas obras -- influenciado pela publicidade - e misturando elementos da pintura clássica, do cinema e da vida quotidiana urbana, como forma de representar e encenar a realidade.

'The Destroyed Room' (1978), inspirado numa pintura de Delacroix, 'Mimic' (1982), que representa uma cena de tensão racial entre um homem branco e um asiático, e 'A Sudden Gust of Wind (After Hokusai)' (1993), a releitura fotográfica de uma gravura japonesa do século XIX, são algumas das obras mais icónicas de Jeff Wall.

Leia Também: MAAT atingiu recorde de visitantes em 2024

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