Sexismo representa Portugal na primeira Bienal de Design de Londres

Os artistas Marta de Menezes e Pedro Miguel Cruz vão representar Portugal na 1.ª Bienal de Design de Londres, Inglaterra, em setembro, com uma exposição sobre sexismo produzida pela associação alentejana Cultivamos Cultura.

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© Reuters

Lusa
30/08/2016 15:30 ‧ 30/08/2016 por Lusa

Cultura

Exposição

A organização convidou vários países para participarem na bienal e Portugal será representado pelos dois artistas, que foram escolhidos pelo "designer", autor, investigador e professor Manuel Lima.

Vai ser "uma representação muito interessante para Portugal" na 1.ª edição da Bienal de Design de Londres, disse hoje à agência Lusa o curador da exposição portuguesa, Manuel Lima, que foi considerado "uma das 50 mentes mais criativas e influentes de 2009", pela revista americana "Creativity".

Segundo Manuel Lima, Marta de Menezes e Pedro Miguel Cruz vão "beneficiar imenso" da participação "num placo internacional como 1.ª Bienal de Design de Londres", que será uma "grande rampa para os dois artistas", os quais, "embora possam não ser muito conhecidos do público português, já são bastante conceituados e têm muita experiência na área e um enorme potencial".

A 1.ª Bienal de Design de Londres vai decorrer entre os dias 07 e 27 de setembro, na Somerset House, sob o tema 'Utopia by Design', que, de acordo com a organização, é uma homenagem aos 500 anos da obra do filósofo Thomas Moore, que esteve na origem do conceito da utopia.

Através da exposição representativa de Portugal, Marta de Menezes e Pedro Miguel Cruz vão misturar arte, "design" e ciência para "retratar um tema opaco, mas corrosivo na sociedade portuguesa: o sexismo", explicou Manuel Lima.

A exposição é composta por quatro mapas que "contrastam disparidades de género em áreas como salários e ensino superior", sendo que dois mapas são "visualizações animadas e geradas por computador, que extrapolam um futuro distópico baseado em tendências espirais descendentes", precisou Manuel Lima.

"Os outros dois mapas usam elementos biológicos (plantas, vírus e bactérias) para representar uma nação utópica revigorada, caracterizada por indicadores socioeconómicos progressistas", disse, referindo que "a utopia é transmitida pelos vários mapas igualitários e pelo uso de elementos naturais como instrumentos para a visualização de dados".

Manuel Lima contou que em 2015 foi convidado pela Direção-geral das Artes (DGArtes) para ser o curador da exposição representativa de Portugal na bienal, achou o projeto "muito interessante" e, "de mediato", pensou em Marta de Menezes e Pedro Miguel Cruz.

"Quis unir a componente digital e computacional do trabalho do Pedro com a combinação muito interessante entre biologia, ciência e tecnologia que a Marta tem explorado ao longo dos últimos anos", explicou.

Manuel Lima disse que, "há cerca de dois meses", a DGArtes mudou de direção e comunicou-lhe que "não poderia continuar a suportar financeiramente" o projeto de participação de Portugal na bienal e foi nessa altura que contactou a associação Cultivamos Cultura para procurar apoio.

Disse ainda que a associação, que é dirigida por Marta de Menezes e "tem apoiado bastante e, se calhar, é a associação que mais conhece a dinâmica entre a arte, a ciência e a tecnologia em Portugal", decidiu apoiar e produzir a exposição representativa de Portuga na bienal.

Fundada em 2009, a Cultivamos Cultura, com sede na aldeia de S. Luís, no concelho de Odemira, no distrito de Beja, é uma plataforma para experimentação e desenvolvimento de conhecimento partilhado na teoria e na prática da arte contemporânea, explorando a sua relação com a ciência, a tecnologia e o ambiente.

Na sede, a associação oferece um espaço para artistas plásticos poderem desenvolver e expor o seu trabalho e, desde a sua fundação, tem vindo a dinamizar a comunidade local através da promoção de encontros e mostras de artes plásticas com a participação de artistas de renome internacional e de intercâmbios com artistas locais.

 

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