Sona Jobarteh estreia em Cabo Verde e leva mensagem de educação e mudança

Sona Jobarteh, a primeira mulher a tocar "cora", ainda alvo de preconceitos na área, estreia-se hoje em Cabo Verde, no Kriol Jazz Festival (KJF), ao qual traz mensagens sobre a importância da educação e mudança social.

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Lusa
11/04/2025 20:04 ‧ ontem por Lusa

Cultura

Kriol Jazz Festival

"Tem uma música que toco hoje sobre as mulheres, mas nela falo também dos homens, porque eles são parte fundamental da emancipação. Também menciono a importância de educar jovens, pais, avós e maridos futuros, para que todos contribuam para a mudança social", disse à Lusa, Sona Jobarteh, que se apresenta hoje na 14.ª edição do KJF, evento que começou na quinta-feira na capital cabo-verdiana.

 

Nascida em Londres, mas integrante de uma das famílias mais tradicionais da Gâmbia, Sona ocupa um lugar único: é uma mulher que toca o "cora", um instrumento tradicionalmente reservado aos homens, os "griots", músicos cuja função é transmitida hereditariamente.

Para a artista, tocar o "cora" é mais do que uma tradição, é uma "experiência de inovação e preservação cultural".

"A tradição de tocar o 'cora' é muito complexa. Eu, como mulher, nunca tive a ambição de ser a primeira a fazer isso. Queria apenas ser uma boa tocadora, sem me ver diferente de qualquer outra pessoa. O importante é perceber que as mulheres estão a assumir papéis que antes não lhes eram atribuídos, e isso é histórico", referiu.

O "cora", para Sona, não é só um símbolo cultural, mas também uma ponte entre o passado e o presente.

"O meu papel é trazer inovação para a tradição, para que ela continue relevante, moderna, sem perder as suas raízes", afirmou.

A artista tem sido uma defensora da força feminina, destacando a importância da educação para o desenvolvimento social.

"As mulheres têm um papel crucial, tal como os jovens. Por isso, defendo a educação como ferramenta para o desenvolvimento, sem abandonar as nossas culturas", acrescentou.

Apesar do preconceito que ainda enfrenta, Sona não mudou a sua visão e celebra o reconhecimento que tem recebido.

"Aprender a tocar o 'cora' na Gâmbia não foi fácil. Por ser mulher, não podia participar em todos os espaços e as pessoas tentavam ver se eu conseguiria superar os homens. Essas pressões quase me fizeram desistir, mas a determinação das mulheres é o que nos faz superar as dificuldades", disse.

Na sua primeira visita a Cabo Verde, Sona expressou a sua "ansiedade": "Cada lugar onde me apresento é uma experiência nova. Não crio expectativas, prefiro aprender, entender e conectar-me com o público. Estou ansiosa para esta nova experiência", afirmou.

Sona Jobarteh, com a sua voz e melodias, conquistou públicos de todo o mundo, abordando temas como identidade cultural, género, amor e respeito.

Além da música, é muito ativa em questões sociais.

Representa a Gâmbia na Organização Mundial do Comércio e fundou a `Escola Amadu Bansang Jobarteh´, onde crianças da Gâmbia têm acesso a uma educação que integra música tradicional e académica.

"O meu tempo é ocupado principalmente pelo trabalho educacional que desenvolvo. Estou a tentar gravar um novo álbum, mas com tantas responsabilidades, tem sido difícil. Espero que possamos lançar o álbum no próximo ano", concluiu.

O Kriol Jazz Festival segue hoje para a segunda noite na cidade da Praia, com concertos que incluem apresentações de Mário Lúcio, o trio do pianista martinicano Mario Canonge, a artista gambiana Sona Jobarteh e a banda francesa Sixun.

Leia Também: Bonga e Sona Jobarteh encabeçam Kriol Jazz Festival em Cabo Verde

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