O mundo do futebol ficou virado do avesso desde domingo, altura em que a Superliga Europeia foi oficializada por 12 clubes que se juntaram com o objetivo de criar uma "competição de elite". Depressa se gerou a discórdia com a UEFA e a FIFA a deixarem ameaças a quem participar nesta nova prova. A segunda-feira foi palco de muitas reações e a polémica promete prolongar-se nos próximos dias.
O Desporto ao Minuto decidiu resumir a polémica em torno desta Superliga Europeia através de 11 perguntas e outras tantas respostas que ajudam a perceber tudo aquilo que está em causa e as consequências no horizonte. Vamos a elas.
Quem fundou a Superliga Europeia?
Os fundadores são os clubes que, de forma secreta, desenharam esta prova e acordaram, entre si, marcar presença na mesma. No total são 12. Os 'big six' de Inglaterra (Manchester United, Manchester City, Liverpool, Arsenal, Chelsea e Tottenham), três clubes de Espanha (Real Madrid, Atlético de Madrid e Barcelona) e outros três de Itália (Juventus, AC Milan e Inter).
Quem comanda a Superliga Europeia?
Os clubes fundadores serão os responsáveis pela Superliga Europeia, mas já foi definido um quadro diretivo: Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, assume também a presidência da competição, sendo que Andrea Angelli (Juventus) e Joel Galzer (Manchester United) assumem funções de vice-presidentes.
Quem financia o projeto?
O banco norte-americano JPMorgan já anunciou, na segunda-feira, que vai financiar a Superliga Europeia. Apesar de não revelar mais pormenores, a imprensa internacional dá conta que o banco norte-americano poderá investir qualquer coisa como 4,2 mil milhões de euros.
Quanto recebem os clubes que participem na Superliga Europeia?
Apenas por participarem os clubes recebem, cada um, 300 milhões de euros. Os clubes fundadores também terão direito a dividir 3,5 mil milhões de euros para gastar em infraestruturas de apoio à Covid-19.
Por que razão os clubes fundadores preferem a Superliga Europeia à Liga dos Campeões?
O dinheiro recebido por estar em prova é o principal argumento. Haverá menos clubes a participar e isso tornará a competição mais curta e mais competitiva. Isto, claro, em termos teóricos.
Como funcionará a Superliga Europeia?
A Superliga Europeia terá 20 clubes em ação, sendo que 15 deles terão presença assegurada em todas as edições. As equipas serão divididas em dois grupos e jogarão todos contra todos em duas voltas. Os jogos vão decorrer durante a semana para que os clubes possam disputar os respetivos campeonatos nacionais.
Os primeiros três classificados de cada grupo passam aos quartos de final e as duas vagas restantes serão ocupadas através de um playoff que contará com os quatros e quintos classificados dos dois grupos. Seguem-se os quartos de final e meias-finais a duas mãos. A final será apenas a uma mão.
Quando começa a ser disputada?
Os clubes fundadores pretendem disputar a competição entre agosto e maio, mas ainda não há data oficial para o pontapé de saída. De qualquer forma, a direção da prova já demonstrou vontade de começar assim que for possível.
Quem recusou entrar na Superliga Europeia?
A Superliga tem o desejo de contar com 15 clubes fundadores, mas tem apenas 12 até ao momento. Clubes como Bayern Munique, Borussia Dortmund, PSG, Lyon e RB Leipzig recusaram integrar esta prova por estarem contra a ideologia dos outros clubes já integrados. Também o FC Porto foi sondado, mas não demonstrou interesse.
O que acontece a quem participar?
A UEFA deu um murro na mesa na segunda-feira e Ceferin deixou um sério aviso aos jogadores que participarem na Superliga Europeia. Se tal acontecer, e se o presidente da UEFA cumprir o prometido, os jogadores estão impedidos de representar as respetivas seleções. Quer isto dizer que podem falhar o próximo Euro'2020? Sim, pode acontecer.
Mas há mais. A UEFA pode avançar com consequências diretas para os clubes fundadores e Manchester City, Chelsea e Real Madrid podem ser excluídos das meias-finais da presente edição da Liga dos Campeões.
Por outro lado, quem poderá benificiar desta situação é o FC Porto. Porquê? Pois bem, a UEFA pode repescar os eliminados dos quartos-de-final, o que significa que dragões, Bayern Munique e Borussia Dortmund podem voltar à Champions.
Superliga Europeia é modelo inédito no desporto?
Não. No basquetebol já existe o mesmo formato. A Liga Europeia conta com as melhores equipas da Europa e os moldes são muito semelhantes.
Quem se manifestou contra a Super Europeia?
Além dos clubes, foram várias as personalidades que contestam a criação desta Superliga Europeia. Luís Figo, Mesut Ozil, Bastian Schweinsteiger, Eric Cantona ou Ander Herrera são algumas figuras do futebol que criticaram, de forma pública, a decisão dos 12 clubes fundadores. Por cá, em Portugal, destaque para as reações de Daniel Podence e Bruno Fernandes, bem como dos clubes portugueses Benfica, FC Porto, Sporting e Sporting de Braga. Também Pedro Proença já garantiu não concordar com a Superliga Europeia.
O Governo também já tomou uma posição pela voz do ministro da Educação. Tiago Brandão Rodrigues, disse que "partilha a visão das autoridades nacionais e europeias de futebol, não sendo favorável à criação de uma competição desportiva a nível europeu que não privilegia a inclusão, a solidariedade e o mérito desportivo, colocando os interesses de uma pequena parte à frente do bem comum".
Mais tarde foi o primeiro-ministro António Costa a contestar a criação da Superliga Europeia através da rede social Twitter.
Reações no Leeds-Liverpool
O jogo entre Leeds e Liverpool (1-1) foi palco de uma série de reações à oficialização da Superliga Europeia. Antes do apito final, a comitiva dos reds foi alvo de muita contestação por parte de grupo de adeptos que está contra a participação do clube nesta nova competição.
Dentro do relvado, os jogadores do Leeds vestiram camisolas, durante os exercícios de aquecimento, com um recado muito direto, e no final James Milner, um dos capitães do Liverpool, afirmou estar contra a decisão do clube em participar nesta polémica Superliga Europeia.
Florentino Pérez diz que está a salvar o futebol
Florentino Pérez é um dos fundadores da Superliga Europeia e garantiu estar a "tentar salvar o futebol". O presidente do Real Madrid marcou presença no programa 'Chiringuito de Jugones' e justificou a criação desta nova competição com a ausência do público nas bancadas.
"Quando não tens receitas além da televisão, a forma de conseguir mais dinheiro é promover jogos mais atrativos. Foi a partir desse ponto que começámos a trabalhar. Chegámos à conclusão que criando uma Superliga durante a semana, ao invés da Liga dos Campeões, seríamos capazes de aliviar a perda de receitas", explicou Florentino Pérez.
‼️ "Hacemos la SUPERLIGA para SALVAR el FÚTBOL" ‼️
— El Chiringuito TV (@elchiringuitotv) April 19, 2021
FLORENTINO PÉREZ habla claro en EXCLUSIVA con @jpedrerol. #ChiringuitoFlorentino pic.twitter.com/XHYJMo1UFv
"La SUPERLIGA NO es CERRADA, cualquiera puede ACCEDER"
— El Chiringuito TV (@elchiringuitotv) April 19, 2021
¡Ojo a FLORENTINO PÉREZ! En EXCLUSIVA con @jpedrerol en #ChiringuitoFlorentino pic.twitter.com/tzzNI5CynQ
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